Um casal rico com um filho de 6 anos recebe a notícia
perturbadora de que o filho na realidade não é deles. O miúdo foi trocado na
maternidade e só agora é que o hospital deu pelo facto. O seu filho verdadeiro
vive no seio de uma família pobre e os dois casais deparam-se com o dilema de
dever ou não trocar as crianças.
O assunto prestava-se a ser transformado numa lamechice
de fazer chorar as pedras da calçada, mas o realizador Hirokazu Koreeda aborda
o assunto de uma forma séria e dá-nos um retrato angustiante de uma situação
que, imagino, deve ser insustentável para qualquer pai. Estamos perante um
filme que levanta algumas questões morais, sendo a mais evidente a comparação
entre os laços de sangue e os laços emocionais. A grande questão é se é
possível amar-se uma criança que foi criada por nós, mas que na realidade não é
nossa.
O contraste entre as duas famílias está bem construído
tanto ao nível material como espiritual. De certa forma, Koreeda diz-nos algo
que todos sabemos, dinheiro não dá felicidade; talvez por isso senti que o seu
coração está com a família pobre. Outra coisa que achei curioso é o facto de na
família pobre ser a mulher que está no comando, enquanto a esposa rica é uma
mulher submissa ao seu marido.
A família rica é interpretada por Masaharu Fukuyama (o
pai), Machiho Ono (a mãe) e Keita Ninomiya (o filho); a pobre interpretada por
Lily Franky (o pai), Yoko Maki (a mãe) e Shogen Hwang (o filho). Todo este elenco,
bem como os secundários, habita as suas personagens com convicção e todos nos dão
boas interpretações. Por razões óbvias destacam-se os dois pais, Fukuyama sério
e responsável, Franky divertido e despreocupado.
Achei a história muito interessante e gostei das opções
do realizador, mas achei o filme demasiado longo e por vezes um pouco parado de
mais para o meu gosto. Classificação: 6
(de 1 a 10)
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