Um casal de
padeiros que não consegue ter filhos vai para a floresta à procura de quatro
coisas essenciais para que uma bruxa quebre a sua maldição. Pelo caminho
cruzam-se com o Capuchinho Vermelho, a Cinderela, João Feijão e a Rapunzel.
Quem me conhece
sabe que adoro musicais e que este é o meu género preferido. Outro género que
adoro é o fantástico e neste filme de Rob Marshall os dois géneros andam de mão
dada. O resultado não é apaixonante, mas é muito bom. As canções, do grande
Stephen Sondheim, integram-se perfeitamente na narrativa, dando-lhe
profundidade e humor. Um excelente trabalho de fotografia de Dion Beebe dá um
toque mágico aos cenários e o trabalho de montagem de Wyatt Smith é brilhante
(a cena de abertura é prova do que digo).
Tal como a peça
da Broadway que o filme adapta, há mais nestes contos infantis do que aquilo
que parece e as comparações com a vida real não são mera coincidência. Não há
aqui falsos moralismos. Todas as nossas acções têm consequências e temos que
aprender a viver com elas. Tal como uma das canções diz, “cuidado com o que
desejas, pois pode tornar-se realidade”.
Adorei a cena
de abertura, mas há tanto para apreciar aqui. Um dos grandes momentos acaba com
a Meryl Streep a dar-nos uma fantástica interpretação de “Last Midnight”.
Noutro, Anna Kendrick fica presa nos degraus do palácio real e delicia-nos com
“On the Steps of the Palace”. Emily Blunt revela o seu grande talento e
qualidades vocais com o divertido “Moments in the Woods”. E claro que não nos
podemos esquecer da “Agony” dos dois príncipes giraços, Chris Pine e Billy
Magnussen.
São as actrizes
que aqui mais brilham. Emily Blunt muda de registo como a Mulher do Padeiro e
dá-nos uma interpretação humilde e divertida. Anna Kendrick é fantástica como
uma Cinderela que não sabe muito bem se quer casar com o príncipe. Não há nada
que Meryl Streep não seja capaz de fazer e a sua Bruxa é fabulosa, revelando
fortes dotes vocais e quase roubando o filme aos seus colegas (não me admirava
se ela ganhasse mais um Óscar). Lila Crawford é uma irritante e cómica Capuchinho
Vermelho. Em papéis mais secundários, Christine Baranski, Tammy Blanchard e Lucy Punch, como a Madrasta e as Irmãs de Cinderela, dão uma grande comicidade às
suas personagens e é pena não aparecerem mais.
Do lado
masculino, Danile Huttlestone é convincente como o João Feijão e dá-nos uma
excelente versão de “Giants in the Sky”. Chris Pine é o insuportável Príncipe
da Cinderela e é por vezes hilariante, os seus dotes vocais não são os
melhores, mas porta-se muito bem. Já Billy Magnussen, o Príncipe da Rapunzel,
revela melhor voz. No papel do Padeiro, James Corden não me convenceu
totalmente e a grande decepção é Johnny Depp como o Lobo.
Para quem gosta
destas coisas, aqui fica um pouco de trivia: a actriz que faz da avó da
Capuchinho Vermelho, Annette Crosbie, fez da Fada Madrinha de Cinderela no
filme dos anos 70 THE SLIPPER AND THE ROSE (A História de Cinderela), que é
para mim uma das melhores versões deste conto. A mãe de Cinderela é
interpretada por Joanna Riding, que há uns anos atrás fez nos palcos londrinos
o musical de Stephen Sondheim A LITTLE
NIGHT MUSIC; a valsa que se houve no baile do palácio, foi escrita para este
mesmo musical.
Como já devem
ter percebido estou entusiasmado com o filme. Mas antes de terminar não posso
deixar de mencionar a excelente partitura de Stephen Sondheim, que eu
simplesmente adoro! Sei que o público português não é muito dado a musicais e
que há resistência em aceitar que as personagens cantem em vez de falar, mas
acreditem que vale a pena caminhar nesta floresta. Classificação: 8 (de 1 a 10)
Olá, Jorge. Como tu, sou um grande fã das comédias musicais, até acho que gosto cada vez mais porque hoje são raras e acabo por rever mais os clássicos do que as novidades. Por isso é grande a vontade de ver nas salas Into the Woods. Vi este musical no ano passado, no teatro, e adorei, em primeiro lugar porque a música de Stephen Sondheim é soberba. Também tento ver tudo o que a Meryl Streep faz. Ela já fez e muito bem o musical Mamma Mia! e como a adorei nesse filme! Ainda bem que gostaste de Into the Woods. É um bom sinal. Eu só vi o trailer, o filme só lá pro fim do mês. O ano começa bem.
ResponderEliminarOlá João, infelizmente nunca vi o INTO THE WOODS no teatro, mas tenho o DVD da produção original da Broadway e gosto imenso. Estava com muito medo do filme, mas é uma boa adaptação do musical. A Meryl já cantava e encantava no MAMMA MIA, mas aqui ainda canta melhor. Fico a aguardar os teus comentários.
ResponderEliminarTem um excelente 2015!