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quarta-feira, 27 de março de 2024

AS MATINÉS DO MEDO - PARTE 5: A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legendo of Hell House) de John Hough

A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legend of Hell House) de John Hough – ING/1974

Elenco: Pamela Franklin, Roddy McDowall, Clive Revill, Gayle Hunnicutt, Roland Culver, Peter Bowles, Michael Gough • Argumento: Richard Matheson • Produção: Fox / Susan Hart & James H. Nicholson • Realizador: John Hough

Na matiné do dia 09.SET.1977 vi o último filme deste ciclo de terror do Palácio Foz (onde voltaria para ver mais filmes, entre eles um ciclo do Roman Polanski) e este foi o melhor dos cinco títulos, os outros foram QUE DEMÓNIOS SE OCULTAM NA ESCURIDÃO (Who Slew Auntie Roo)COBRAS VENENOSAS (Sssssss)LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) e O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr Phibes).

Descobri o fabuloso cartaz deste filme quando estreou em Lisboa, curiosamente logo a seguir ao 25 de Abril (o filme estreou no dia 26), e fiquei apaixonado pelo mesmo. Ainda hoje o considero um dos melhores do género e adoro as suas frases publicitárias: “Reza para que não seja verdade” e “O pesadelo dos pesadelos”. Claro que fiquei sempre cheio de vontade de o ver e consegui essa proeza nessa tarde de Setembro.

Baseado na novela de Richard Matheson (responsável pelo argumento), conta-nos a história de um pequeno grupo constituído por dois médiuns, um físico e a sua esposa, que são contratados para descobrir o que se passa na Casa Belasco, uma mansão supostamente assombrada onde no passado várias pessoas morreram de forma misteriosa. Claro que depressa descobrem que existem forças sobrenaturais dentro da casa e que as suas vidas correm perigo.

Sempre tive um fraquinho por casas assombradas e, se não contar com a comédia A CASA NO PARQUE DOS PESADELOS (The House in Nightmare Park), este foi o primeiro filme desse subgénero que vi no cinema. Recordo-me de ver A CASA MALDITA (The Haunting) e A CASA QUE NÃO QUERIA MORRER (The House That Would Not Die) na televisão, mas não me lembro de foi antes ou depois de ver este.

Hoje percebo as semelhanças entre a novela “Hell House” de Richard Matheson escrita em 1971 e a novela de 1959 de Shirley Jackson “The Haunting of Hill House” (que deu origem ao já mencionado THE HAUNTING). Independentemente disso esta LENDA DA CASA ASSOMBRADA sempre teve um lugar especial no meu coração e, na altura, provocou-me muitos calafrios. O elenco era bastante convincente e havia muito suspense. Há duas cenas com Pamela Franklin que me marcaram (espero não as ter inventado na minha cabeça), numa é atacada por um gato e noutra violada por um espírito. Perto do clímax, tenho a ideia de descobrirem o corpo do responsável pela assombração.

E assim termino esta incursão pelas Matinés do Medo. Espero que tenham gostado, pois a mim deu-me imenso prazer recordar estes filmes.













segunda-feira, 25 de março de 2024

A MELODIA DO MAL (The Piper) de Erlingur Thoroddsen

A História:
 Uma famosa compositora morre ao tentar destruir uma partitura, supostamente o seu último trabalho. Uma jovem e ambiciosa flautista decide recuperar e terminar essa partitura, mas depressa descobre que ouvir/tocar a música tem consequências terríveis.

O Elenco: Julian Sands, que estranhamente parecia não envelhecer, tem aqui um dos seus últimos papéis como o exigente maestro, um bocado exagerado. No papel principal, Charlotte Hope não vai mal, mas falta-lhe qualquer coisa.

O Pior do Filme: O final era completamente dispensável e corta a atmosfera criada no clímax.

O Melhor do Filme: A música de Christopher Young, que este ano já ganhou 3 prémios, é verdadeiramente misteriosa (a palavra certa é “eerie”) e envolve-nos na sua melodia assombrada.

Veredicto Final: Para variar, temos uma história mais original do que é habitual nos recentes filmes do género. Inspirado no conto folclórico “O Flautista de Hamelin”, que ficou famoso pelas mãos dos Irmãos Grimm, o realizador/argumentista consegue criar uma atmosfera que me fez lembrar o cinema de Dario Argento, com bons momentos de tensão. Pena que o elenco não seja melhor e que a sequência final do concerto não vá mais longe, mesmo assim transmite-nos uma sensação desagradável. Podia ter sido um grande filme de terror, mas merece a atenção dos fãs do género.

Classificação: 5 (de 1 a 10)




quarta-feira, 20 de março de 2024

AS MATINÉS DO MEDO - PARTE 4: O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr. Phibes) de Robert Fuest

O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr. Phibes) de Robert Fuest – GB/1971

Elenco: Vincent Price, Joseph Cotten, Virginia North, Terry-Thomas, Sean Bury, Susan Travers, David Hutcheson, Edward Burnham, Alex Scott, Peter Gilmore • Argumento: James Whiton & William Goldstein • Produção: AIP / Samuel Z. Arkoff & James H. Nicholson • Realizador: Robert Fuest

Este filme, de que também não consegui arranjar o cartaz da estreia em Portugal, foi o quarto do ciclo do Palácio Foz em Setembro de 1977. Antes vi QUE DEMÓNIOS SE OCULTAM NA ESCURIDÃO (Who Slew Auntie Roo)COBRAS VENENOSAS (Sssssss)LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) e, no dia a seguir, foi a vez de A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legendo of Hell House).

Em passos largos, a história era muito simples. A equipa médica responsável pela morte, durante uma cirurgia, de uma tal Victoria Phibes começa a ser assassinada segundo as pragas bíblicas do Egipto. Será que o seu marido, Dr. Phibes, que morreu nesse dia num acidente automóvel enquanto se dirigia para o hospital, é o responsável pelos crimes? Como podem imaginar pelo título, sim, é ele o responsável!

O grande trunfo deste filme será sempre a presença de Vincent Price, um dos maiores nomes do cinema de Terror e que aqui encontrou um papel à altura do seu talento. As primeiras vezes que me recordo de ter visto Price foi quando o A MOSCA (The Fly) original passou na televisão e, também no Palácio Foz em 1977, na comédia O GATO MIOU TRÊS VEZES (A Comedy of Terrors).  Mais tarde viria a descobrir a sua enorme filmografia, com destaque para os filmes baseados nas obras de Edgar Allan Poe e para O CAÇADOR DE BRUXAS (Witchfinder General). Para as gerações mais novas fica a informação que a voz inconfundível que narra o famoso THRILLER de Michael Jackson é a de Price e um dos seus últimos papéis foi como o  criador do EDUARDO MÃOS DE TESOURA (Edward Scissorhands).

Voltando a este Dr. Phibes, que viria a ter uma sequela que ainda não vi, lembro-me que não metia medo e nem se levava muito a sério. Acima de tudo era divertido, muito colorido e gostei de toda a encenação muito teatral do “covil” de Dr. Phibes. Verdade, o Dr. Phibes de Vincent Price era maior que a vida, mas ninguém o leva a mal por isso, muito antes pelo contrário! A seu lado, o veterano Joseph Cotten era o lado mais sério da história e Virginia North a bonita assistente de Phibes.

Hoje já não se fazem filmes destes, o que é uma pena, mas provavelmente não seriam muito bem aceites pelas novas gerações. Quem sabe, um dia alguém decida reviver este Dr. Phibes; numa altura em que o cinema do género (e no geral) parece não ter ideias novas, uma reinvenção séria até poderia ser interessante, o único problema é que não há ninguém como Vincent Price.











domingo, 17 de março de 2024

AS MATINÉS DO MEDO - PARTE 3: LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) de Roy Ward Baker

LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) de Roy Ward Baker  – EUA/1973

Elenco: Robert Powell, Patrick Magee, Barbara Parkins, Richard Todd, Sylvia Syms, Peter Cushing, Barry Morse, Ann Firbank, John Franklyn-Robbins, Britt Ekland, Charlotte Rampling, James Villiers, Megs Jenkins, Herbert Lom, Geoffrey Bayldon • Argumento: Robert Bloch • Produção: Amicus / Max Rosenberg & Milton Subotsky • Realizador: Roy Ward Baker

Com muita pena minha não tenho o cartaz da estreia deste filme em Portugal, pode ser que um dia eu o consiga encontrar... Este, LUA VERMELHA, foi o terceiro título do ciclo dedicado ao terror que passou no Palácio Foz em Setembro de 1977, os outros foram: QUE DEMÓNIOS SE OCULTAM NA ESCURIDÃO (Who Slew Auntie Roo)COBRAS VENENOSAS (Sssssss), O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr Phibes) e A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legendo of Hell House).

 Ao contrário do que eu pensava, apesar do título, nada tinha a ver com lobisomens e era aquilo a que se chama um filme de “antologia”, ou seja, contava quatro histórias “embrulhadas” por um conceito geral. Neste caso, se bem me lembro (e o IMDB dá sempre uma ajudinha) um jovem psiquiatra (Robert Powell) a fim de conseguir trabalho num manicómio tem que entrevistar quatro dos pacientes que lá residem e cada um conta-lhe a razão de ali estar:

“Frozen Fear” (Medo Congelado) – um marido (Richard Todd) combina com a sua amante (Barbara Parkins) matar a sua esposa (Sylvia Syms). Para se ver livre do corpo corta-o aos pedaços, que embrulha em papel e depois mete-os numa arca congeladora, só que a esposa não tem muita vontade de estar morta;  

“The Weird Taylor” (O Alfaiate Estranho) – um alfaiate (Barry Morse) falido aceita a encomenda do Sr. Smith (Peter Cushing) para fazer um casaco com um estranho material, mas quando, após o trabalho feito, este lhe diz que não tem dinheiro para lhe pagar e o alfaiate percebe que o fato é para vestir o corpo do falecido filho de Mr. Smith, os dois lutam e o alfaiate acabar por levar o fato de volta para casa onde a sua esposa (Ann Firbank) coloca-o num manequim que ganha vida com terríveis sequências;

“Lucy Comes to Stay” (Lucy Veio para Ficar) – o irmão (James Villiers) de uma paciente (Charlotte Rampling) leva-a de volta para casa, mas quando esta fica sozinha é visitada por Lucy (Britt Ekland), que a desafia para fugirem as duas e quando o irmão regressa mata-o para que este não se meta no seu caminho, mas será que Lucy existe mesmo?

“Mannikins of Horror” (Manequins do Terror) – o último paciente (Herbert Lom) afirma que é um médico e diz que construiu um boneco orgânico para o qual pode transferir a sua alma.

Quanto ao jovem psiquiatra, tem uma má surpresa à sua espera por parte do Dr. Rutherford (Patrick Magee), o diretor do manicómio.

Na altura que vi este filme, duvido que soubesse a importância que a produtora Amicus tinha no género terror. Uns meses antes, também numa sessão no Palácio Foz, tinha visto outro título da Amicus, A CASA QUE ESCORRIA SANGUE (The House That Dripped Blood), que tal como este, utilizava o formato de antologia para nos contar várias histórias. Este tipo de filmes era a especialidade da Amicus, que era a principal concorrente da famosa Hammer.

Quanto a este LUA VERMELHA, gostei imenso, principalmente do primeiro (que continua bem viva na minha memória, com a cabeça embrulhada em papel a respirar) e do último segmento (lembro-me do boneco a ser esborrachado, ou será que sonhei?). Revi-o anos mais tarde e continuei a gostar e aconselho-o a todos os fãs do género. Mais que não seja, tem um elenco de fazer inveja, com destaque para os veteranos do terror Peter Cushing, Herbert Lom, Patrick Magee, para as beldades Barbara Parkins, Britt Ekland e uma muito jovem Charlotte Rampling; por fim, no papel do jovem psiquiatra, temos Robert Powell que, anos mais tarde, viria a ficar para sempre associado ao papel de Jesus de Nazaré na famosa versão de Franco Zeffirelli. Só mais uma coisa, o argumento é da autoria de Robert Bloch, autor da novela que serviu de base ao PSICO de Alfred Hitchcock.