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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

CINEFILIA: OS MEUS FILMES DE TERROR PREFERIDOS

Antes de me debruçar de forma muito abreviada na História do Cinema de Terror, vou-vos contar como a minha paixão pelo Terror e Fantástico no geral começou. Acho que a culpa foi dos contos de fadas nas suas versões originais, muito mais negras que as versões sanitizadas pela Disney. 

Quando era puto (5/6 anos) a minha mãe viu-se obrigada a ler-me vezes sem conta um livro da Reader’s Digest de nome “Os Mais Belos Contos de Fadas”. Quando aprendi a ler, reli-o vezes sem contas e a este seguiu-se “As Mil e Uma Noites”. As bruxas, fadas, demónios e monstros exerciam um enorme fascínio sobre mim e não me cansava deles. Mais tarde, nos anos 70, tal como todos os putos da minha geração, li várias vezes as famosas aventuras dos “Cinco” da Enid Blyton, mas foi por essa altura que descobri uma colecção de literatura “barata” simplesmente intitulada “Terror” que devorava com prazer. De origem espanhola, teve edição por cá da responsabilidade da Agência Portuguesa de Revistas, que também por essa altura editava uma colecção de banda-desenhada também intitulada “Terror”. Assim, enquanto os meus colegas liam os Tios Patinhas, Tim-Tim ou Astérix, a minha dieta literária era o Terror. Também descobri nessa época uma colecção de romances góticos chamada “Série Gótico”. A estes juntaram-se os clássicos “Drácula”, “Frankenstein”, “O Médico e o Monstro” e “O Exorcista” entre outros. O caminho estava traçado para me apaixonar pelo cinema do género.

Não tenho a certeza se O FILHO DE DRÁCULA foi o primeiro filme do género que vi, mas é o primeiro de que me recordo de ver na televisão. ABBOTT E COSTELLO E OS MONSTROS, visto em 1975 no cinema Caleidoscópio, tinha então 11 anos, abriu-me a porta do género no cinema e, uns meses depois, vi o meu primeiro filme de terror “adulto” numa sessão da meia-noite, A IMAGEM DO MEDO (A Reflection of Fear) era o seu título e confesso que me meteu mesmo medo.

Depressa me tornei um ávido fã do género, vendo todos os filmes que podia. Sem clubes de vídeo nem internet, era aproveitar o que aparecia nos cinemas ou na televisão. Infelizmente o género não tinha grande divulgação por cá e eu “babava-me” a ler a revista “Famous Monsters” e mais tarde a “Fangoria”. Ouvia rumores de que em Paris e noutras cidades existiam salas de cinema especializadas no género e sonhava que um dia existisse uma dessas em Lisboa (o extinto Xenon foi quase isso).











E agora um pouco de História. Consta que LE MANOIR DU DIABLE de Georges Mélies, feito em 1896, foi o primeiro filme do género, o que quer dizer que o Terror começou logo a fazer parte integrante da História do Cinema. Durante os anos 20, ainda no tempo do mudo, aparecem THE CABINET OF DR. CALIGARI e NOSFERATU entre outros, mas é na década de 30 com o sucesso de DRÁCULA de Tod Browning que o género emerge cheio de energia com as produções da Universal, onde para além de Drácula, nasceram Frankenstein, o Lobisomem, a Múmia, o Homem Invisível e, mais tarde, a Criatura da Lagoa Negra. Também é nesta época que aparecem as primeiras estrelas do género, Bela Lugosi e Boris Karloff.
















Nos anos 40, enquanto a Universal continua com os seus monstros, aparecem as produções de Val Lewton para a RKO, que nos deram clássicos como CAT PEOPLE e I WALKED WITH A ZOMBIE. Já na década de 50, o género ganha força em Inglaterra com as produções de Hammer, que replicaram a cores clássicos da Universal a par de histórias originais. É aqui que aparecem Peter Cushing, Christopher Lee e Terence Fisher, três dos grandes nomes do género.











A estreia de PSICO de Alfred Hitchcock em 1960 abre novos caminhos para o Terror, que levam a novos clássicos como THE HAUNTING, ROSEMARY’S BABY e NIGHT OF THE LIVING DEAD. É também na década de 70 que Vincent Price e Roger Corman nos dão uma série de filmes baseados na obra de Edgar Allan Poe produzidos pela AIP. Em Inglaterra aparece a Amicus e em Itália o género começa a dar que falar com Mario Bava e Dario Argento.











É nos anos 70 com THE EXORCIST que o Terror ganha legitimidade, com o filme de William Friedkin a ser nomeado para o Óscar de Melhor Filme do Ano, entre outras nomeações. O filme foi um mega-sucesso, o que leva os grandes estúdios a começarem a ver o Terror com outros olhos. Seguiram-se títulos como JAWS de Steven Spielberg, DAWN OF THE DEAD de George A. Romero, HALLOWEEN de John Carpenter, THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE de Tobe Hooper, SHIVERS de David Cronenberg, CARRIE de Brian De Palma e ALIEN de Ridley Scott. Em Itália Dario Argento dá-nos PROFONDO ROSS e SUSPIRIA. Sem dúvida uma década decisiva no género.














A década de 80 vê o nascimento de Freddy Kruger e de Jason Voorhees, a par de títulos maiores do Terror como POLTERGEIST, THE FOG, THE SHINING, AN AMERICAN WEREWOLF IN LONDON, THE THING, THE FLY, THE EVIL DEAD e HELLRAISER. Em Itália o cinema de Lucio Fulci ganha força.















Na década de 90 e seguintes, o género começa a ser invadido por intermináveis sequelas e remakes. Os “slasher” como SCREAM e outros títulos do género são feitos a pensar nos adolescentes e o cinema de terror para adultos passa para segundo plano. THE BLAIR WITCH PROJECT dá aso a uma série de filmes de “câmara na mão”; do Oriente chega uma vaga de histórias sobrenaturais como RINGU e com HOSTEL e SAW nasce o “torture porn”. Felizmente o realizador de SAW, James Wan, decidiu ir por outro caminho dando-nos INSIDIOUS e todo o universo do THE CONJURING. A chegada dos realizadores Jordan Peele e Ari Ester, com GET OUT e HEREDITARY, é promissora e o Terror continua em força.












Para terminar, deixo aqui a minha lista dos meus filmes preferidos do género. Podem não ser os melhores, mas são aqueles que mais gosto me deram e dão ver. A fim de ser justo, decidi dividi-los me dois grupos distintos: os doze preferidos antes de THE EXORCIST e os dozes depois desse marco incontornável do cinema de Terror.

A fim de, de alguma forma, poderem compreender melhor as minhas escolhas, um pequeno apontamento. Na minha adolescência li o livro “A Pictorial History of Horror”, onde o seu autor, Dennis Gifford, afirmava; 

“Para mim, um elemento de fantasia é essencial para um verdadeiro filme de terror: o impossível em vez do improvável. O vampiro, o lobisomem, os mortos-vivos e os monstros criados pelos homens – estes são os heróis do cinema de terror e não os inquilinos, os estripadores e os psicopatas encapuçados”.

Talvez as suas palavras me tenham influenciado, pois concordo quase na totalidade com a sua afirmação e adoro tudo o que tenha a ver com o sobrenatural. Mas ao contrário dele, para mim os psicopatas também fazem parte do género que amo, o Terror. 

E agora vamos às minhas listas, por ordem alfabética:

OS MEUS 12 FILMES DE TERROR PREFERIDOS – Antes do THE EXORCIST

THE BIRDS (Os Pássaros) de Alfred Hitchcock

THE CAT AND THE CANARY (O Legado Tenebroso) de Paul Leni

CAT PEOPLE (A Pantera) de Jacques Tourneur

FREAKS (A Parada dos Monstros) de Tod Browing

THE HAUNTING (A Casa Maldita) de Robert Wise 

I WALKED WITH A ZOMBIE (Zombie) de Jacques Tourneur

THE ISLAND OF LOST SOULS (A Ilha das Almas Selvagens) de Erle C. Kenton

THE MARK OF THE VAMPIRE de Tod Browning

PEEPING TOM (A Vítima do Medo) de Michael Powell 

THE PIT AND THE PENDULUM (O Fosso e o Pêndulo) de Roger Corman

PSYCHO (Psico) de Alfred Hitchcock

ROSEMARY'S BABY (A Semente do Diabo) de Roman Polanski

















OS MEUS 12 FILMES DE TERROR PREFERIDOS – Depois do THE EXORCIST

THE DESCENT (A Descida) de Neil Marshall

EVIL DEAD 2: DEAD BY DAWN (A Morte Chega de Madrugada) de Sam Raimi

THE EXORCIST (O Exorcista) de William Friedkin 

THE FLY (A Mosca) de David Cronenberg

THE FOG (O Nevoeiro) de John Carpenter

HALLOWEEN (O Regresso do Mal) de John Carpenter

HELLRAISER (Fogo Maldito) de Clive Barker

INSIDIOUS (Insidioso) de James Wan

POLTERGEIST (O Fenómeno) de Tobe Hooper 

RE-ANIMATOR (O Soro Maléfico) de Stuart Gordon

THE SHINING (Shining) de Stanley Kubrick

THE THING (Veio do Outro Mundo) de John Carpenter





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