A História: Clara, uma viúva de 65 anos, vive
sozinha num apartamento junto à praia. Quando uma grande companhia decide
comprar o prédio para o mandar abaixo e o transformar num condomínio de luxo,
Clara recusa-se a vender o seu apartamento, entrando em guerra com eles.
Os Actores: No papel principal, a veterana Sonia
Braga, que orgulhosamente ostenta as suas rugas, é simplesmente excelente como
Clara, criando a sua personagem com grande naturalidade. A sua Clara é uma
mulher apaixonada e apaixonante, de mente aberta, mas também agarrada à sua
história. O restante elenco, apesar de ser todo muito bom e dar o apoio certo a
Braga, nunca consegue estar à altura dela.
O Filme: Com duração de mais de duas horas,
este filme podia tornar-se chato e, apesar de ter alguns apontamentos que pouco
adiantam à história, a verdade é que se segue sempre com interesse, mas talvez
ganhasse se fosse mais pequeno. O realizador Kleber Mendonça Filho consegue
fazer-nos sentir empatia pela sua personagem e sem isso o filme não
funcionaria. Apesar de se tratar de um drama, ele pontua o filme com humor e
alguns momentos picantes (com pilas à mostra), que ajudam a prender-nos à
história. É também um retrato de um Brasil corrupto, mas cuja situação
retratada não acontece apenas no Brasil. Fala-nos ainda do confronto entre
gerações com as velhas e tem uma cena brilhante onde, durante uma entrevista,
ao perguntarem-lhe o que acha da música em MP3, Clara fala de um vinyl do John
Lennon que comprou e a repórter falha em perceber a mensagem de Clara. No
emocionante clímax, senti o meu coração a bater mais depressa do que normal e
isso foi bom!
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