Solomon Northup é um negro livre que é raptado e vendido
como um escravo. Nas plantações para onde é enviado, tenta sobreviver e ao
mesmo arranjar uma forma de poder recuperar a sua liberdade.
Há filmes assim, que nos prendem com a sua história, com
as suas imagens e com os seus actores. Tinha ouvido tanta coisa sobre este
filme que temia ir ficar decepcionado, mas muito antes pelo contrário. Steve
McQueen, o realizador, dá-nos um retrato crú e violento sobre a escravatura nos
Estados Unidos, mas fá-lo de uma forma intimista, mais interessado nos seus
personagens do que em criar um épico. Não me recordo de alguma vez ter visto o
problema da escravatura tratado de uma forma tão brutal e sensível, não
deixando ninguém indiferente. Quando nos comove, não o faz por ser lamechas,
mas sim porque McQueen nos conseguiu envolver emocionalmente com as suas
personagens.
O elenco é de excepção e dirigido com mão de mestre. No
papel principal, Chiwetel Ejiofor tem aqui a grande oportunidade da sua
carreira e agarra-a com unhas e dentes, dando-nos uma interpretação sóbria mas
cheia de expressão e sentimento. Como Edwin, um dos seus donos, Michael
Fassbender é simplesmente excelente, num misto de perversidade, demência, sexualidade
e imoralismo que ultrapassa o mero vilão cinematográfico. Na sua estreia em
cinema, Lupita Nyong’o é uma revelação como Patsey, a favorita de Edwin,
transmitindo-nos a sua dor e desespero de forma lacerante. Quem também está
muito bem é Sarah Paulson como a cruel esposa de Edwin. Mas também há boas
interpretações de Paul Dano, Benedict Cumberbatch, Alfre Woodard e Paul
Giamatti, entre outros.
Há filmes assim, que de tão bons que nos revitalizam e ao
mesmo tempo nos fazem sentir vergonha de fazermos parte da raça humana. Eu sei
que é prematuro afirmar isto, mas acho que este vai ser um dos melhores filmes
deste ano cinematográfico que agora começou. Classificação: 8 (de 1 a 10)
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