Maria e José são emigrantes em Paris de França faz
já muitos anos. Os seus dois filhos nasceram e foram criados em França. Ela é
porteira num prédio fino e ele é pedreiro, ambos sonham em voltar para Portugal
e quando menos esperam têm a oportunidade de o fazer. O problema é que ninguém
quer que eles voltem para Portugal, pois todos precisam deles.
Aqui temos uma bem-disposta e despretensiosa
comédia dramática que nos fala com carinho e humor da vida dos nossos
emigrantes em França. Realizada por Ruben Alves, o filme fez-me lembrar
clássicos portugueses como O PÁTIO DAS CANTIGAS ou O PAI TIRANO, entre outros
da época. Alves demonstra um carinho especial pelos seus personagens e, apesar
de usar estereótipos, consegue criar uma galeria rica e realista. Ele também
consegue o equilibro certo entre a comédia e o drama, com momentos hilariantes
(a inesquecível noite no hotel de luxo) e outros comoventes (o fado no
restaurante).
O elenco está em estado de graça. Como Maria e
José, Rita Blanco e Joaquim de Almeida são uns verdadeiros emigrantes. Como a
irmã de Maria, Jacqueline Corado é muito divertida e o seu marido, Jean-Pierre
Martins, tem uma língua bem portuguesa. Já Maria Vieira continua igual a si
própria, mas o papel de cozinheira assenta-lhe bem. Do lado francês, Chantal
Lauby é a excêntrica e hilariante mulher do patrão e Nicole Croisille a
irritante francesa snob do prédio fino.
Ruben Alves captou bem a alma portuguesa e dá-nos
uma das boas surpresas do ano. Num pais de emigrantes como o nosso, onde os
próprios governantes nos mandam emigrar, este filme vai com certeza encontrar o
seu público e ter um merecido sucesso. Um dos filmes mais divertidos do ano,
que tem também um forte lado emocional. Classificação:
7 (de 1 a 10)
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