França século XIX, Jean Valjean é um ex-prisioneiro que
mudou de identidade e se transformou noutra pessoa. Javert era o seu carcereiro
e nunca lhe perdoou ele ter escapado às suas mãos, perseguindo-o para todo o
sempre. Entretanto Valjean adopta uma pequena menina, Cosette, filha de uma
operária caída em desgraça, e vai viver para Paris. Anos mais tarde, um grupo
de estudantes decide revoltar-se contra o novo rei, pois o povo passa fome, e
Valjean e Javert reencontram-se.
O filme anterior do realizador Tom Hooper, THE KING’S
SPEECH, tinha uma musicalidade que o tornava quase num musical sem canções.
Assim, quando li que Hooper ia dirigir a adaptação cinematográfica deste famoso
musical de teatro, achei que era uma boa escolha. Infelizmente a coisa não
correu tão bem como eu esperava.
O filme segue-se com interesse e nunca é chato, a não ser
que não suportem que os personagens cantem praticamente todos os diálogos, mas
falta-lhe o forte lado emocional do musical teatral que me deixou com um nó na
garganta. Confesso que chorei no final deste filme, mas chorei muito mais
quando o vi nos palcos de Londres.
Para mim o maior problema do filme é o elenco, ou melhor,
os dois actores principais – Hugh Jackman e Russell Crowe. O primeiro já tive o
prazer de o ver duas vezes no palco, em duas comédias musicais onde ele era
excelente; aqui o seu Valjean não me convenceu e a sua potente voz raras vezes tem a hipótese de brilhar.
É como se lhe tivessem pedido para não dar o seu máximo. Por outro lado,
Russell Crowe tem uma presença forte mas a sua péssima voz destrói a sua
interpretação e desequilibra totalmente o filme. Quem também não me convenceu
foi Amanda Seyfried como Cosette.
No lado positivo temos uma excelente e surpreendente Anne
Hathaway como Fantine, a operária caída em desgraça. Aqui, este brilhante
actriz dá-nos uma das suas melhores e mais frágeis interpretações, ao mesmo
tempo que prova de uma vez por todas ser uma das mais versáteis actrizes da sua
geração. É bem possível que consiga o Óscar de melhor actriz secundária. Sacha
Baron Cohen e Helena Bonham Carter são deliciosamente porcos e maus como os
oportunistas taberneiros; as suas cenas são decididamente melhores que as que
vi no palco. Eddie Redmayne, como o estudante apaixonado por Cosette, revela
uma bonita voz e convence no seu papel.
É sem dúvida uma grande e cuidada produção, com alguns
excelentes momentos, mas falta-lhe garra. O grande momento do musical, “One Day
More”, é brilhante no palco, mas aqui nunca atinge o nível emocional que
merece. Sou fanático por musicais e, apesar de não ser louco pela música deste
espectáculo, ia à espera de melhor, muito melhor. Classificação: 5 (de 1 a 10)
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