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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

OS MISERÁVEIS (Les Misérables) de Tom Hooper


França século XIX, Jean Valjean é um ex-prisioneiro que mudou de identidade e se transformou noutra pessoa. Javert era o seu carcereiro e nunca lhe perdoou ele ter escapado às suas mãos, perseguindo-o para todo o sempre. Entretanto Valjean adopta uma pequena menina, Cosette, filha de uma operária caída em desgraça, e vai viver para Paris. Anos mais tarde, um grupo de estudantes decide revoltar-se contra o novo rei, pois o povo passa fome, e Valjean e Javert reencontram-se.

O filme anterior do realizador Tom Hooper, THE KING’S SPEECH, tinha uma musicalidade que o tornava quase num musical sem canções. Assim, quando li que Hooper ia dirigir a adaptação cinematográfica deste famoso musical de teatro, achei que era uma boa escolha. Infelizmente a coisa não correu tão bem como eu esperava.

O filme segue-se com interesse e nunca é chato, a não ser que não suportem que os personagens cantem praticamente todos os diálogos, mas falta-lhe o forte lado emocional do musical teatral que me deixou com um nó na garganta. Confesso que chorei no final deste filme, mas chorei muito mais quando o vi nos palcos de Londres.

Para mim o maior problema do filme é o elenco, ou melhor, os dois actores principais – Hugh Jackman e Russell Crowe. O primeiro já tive o prazer de o ver duas vezes no palco, em duas comédias musicais onde ele era excelente; aqui o seu Valjean não me convenceu e a sua potente voz  raras vezes tem a hipótese de brilhar. É como se lhe tivessem pedido para não dar o seu máximo. Por outro lado, Russell Crowe tem uma presença forte mas a sua péssima voz destrói a sua interpretação e desequilibra totalmente o filme. Quem também não me convenceu foi Amanda Seyfried como Cosette.

No lado positivo temos uma excelente e surpreendente Anne Hathaway como Fantine, a operária caída em desgraça. Aqui, este brilhante actriz dá-nos uma das suas melhores e mais frágeis interpretações, ao mesmo tempo que prova de uma vez por todas ser uma das mais versáteis actrizes da sua geração. É bem possível que consiga o Óscar de melhor actriz secundária. Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter são deliciosamente porcos e maus como os oportunistas taberneiros; as suas cenas são decididamente melhores que as que vi no palco. Eddie Redmayne, como o estudante apaixonado por Cosette, revela uma bonita voz e convence no seu papel.

É sem dúvida uma grande e cuidada produção, com alguns excelentes momentos, mas falta-lhe garra. O grande momento do musical, “One Day More”, é brilhante no palco, mas aqui nunca atinge o nível emocional que merece. Sou fanático por musicais e, apesar de não ser louco pela música deste espectáculo, ia à espera de melhor, muito melhor. Classificação: 5 (de 1 a 10)


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