Texas, anos antes da guerra civil que libertou os
escravos negros. Django é um escravo que é resgatado por Schultz, um caçador de
recompensas. Entre os dois cria-se uma relação de amizade e respeito, que leva
Schultz a ajudar Django na sua missão de encontrar e salvar a sua amada
Broomhilda von Shaft.
Antes de começarem a ler a minha opinião, tenham em mente
que nunca fui um grande fã de western, apesar de ter visto alguns que eram
mesmo muito bons, e que a minha experiência com o western-spaghetti não é muito
rica.
Repararam no apelido da apaixonada de Django? Shaft. Este
é uma das muitas referências ao cinema dos anos 60/70, nomeadamente o
western-spaghetti e o blacksploitation,
que se podem encontrar no novo filme de Tarantino. Uma vez mais, este
realizador pega num género clássico, o western, e diverte-se a brincar com ele
ao mesmo tempo que respeita as suas regras. Confesso que esperava melhor, mas
mesmo assim diverti-me, mas de certeza não tanto como Tarantino.
A história não é muito melhor do que a das séries B do
género, mas os diálogos são definitivamente melhores e mais divertidos. Também
o nível de interpretação é superior à desses filmes. Em comum tem o lado sujo,
violento e sangrento das produções “made in Italy”. Mas o que eu mais gosto é
do humor e, nesse campo, a sequência do Ku Klux Kan é um dos momentos altos,
bem como a entrada em cena de Schultz e o destino surpreendente do próprio
Tarantino.
Jamie Fox vai bem como Django (até tem a bênção do Django
original, Franco Nero, numa cena feita a pensar nos cinéfilos), mas é quase
eclipsado pelos secundários. Schultz é sem dúvida uma extensão, menos mázinha,
da personagem que Christoph Waltz interpretava em INGLOURIOUS BASTERDS e o
resultado é mais uma interpretação deliciosamente requintada deste grande
actor. Leonardo DiCaprio, como um dos maus da fita, soma mais um grande
desempenho à sua carreira. Por fim, temos um quase irreconhecível Samuel L.
Jackson que é brilhante como o retorcido e racista criado favorito de DiCaprio.
Do resto do elenco fazem parte algumas caras veteranas do cinema e da televisão
dos anos 60/70, só temos que estar atentos para descobrir Robert Carradine, Tom
Wopat, Michael Parks, Don Johnson, Bruce Dern e outros.
É uma pena que a história não nos reserve nenhumas
surpresas e seja previsível, mas acredito que Tarantino conseguiu aquilo que
desejava, apenas acho que não necessitava de quase três horas para nos contar a
história. No género prefiro THE QUICK AND THE DEAD de Sam Raimi, com Sharon
Stone e, curiosamente, Leonardo DiCaprio. Classificação:
6 (de 1 a 10)
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