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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A INVENÇÃO DE HUGO (Hugo) de Martin Scorsese


Um menino órfão, que vive secretamente nas paredes de uma estação de comboios parisiense, é apanhado a roubar pelo dono de uma loja de brinquedos. Este obriga-o a esvaziar os bolsos e fica-lhe com um livro de esboços de um robot. Este livro é algo muito importante para o menino, pois só com as instruções que o mesmo contém é que ele poderá acabar o trabalho iniciado pelo seu pai. Com a ajuda da neta do velho, ele vai tentar recuperar o livro e descobrir o segredo do seu passado.

A ideia de Martin Scorsese dirigir uma fantasia para crianças é muito estranha e o resultado é desequilibrado. Visualmente o filme é brilhante, com uma fotografia mágica e cenários a lembrar os clássicos de antigamente. É a nível da história que as coisas não funcionam muito bem; é como se houvessem dois filmes num só. O primeiro é a história do órfão e é desinteressante, povoado por personagens secundários que nada adiantam ao desenrolar da acção. O segundo é sobre o velho, que vimos a descobrir ser na realidade o George Mélies, e é emocionante e fascinante. Por qualquer razão, as duas histórias não colam muito bem e no fim já não queria saber sobre o órfão, mas queria mais sobre o Mélies.

É nessa visão mágica do cinema fantasista de Mélies que se sente a paixão cinéfila de Scorsese e por essa razão vale a pena ir ver o filme. Tal como acontece com O ARTISTA, temos aqui mais uma emocionante homenagem aos primórdios do cinema e se, no fim, tiverem uma lagrimazita ao canto do olho não estranhem.

Adorei ver Asa Butterfield em THE BOY IN THE STRIPED PAJAMAS, mas aqui não senti nenhuma empatia com ele e nem queria acreditar que era o mesmo actor. Sacha Baron Cohen tenta recriar os cómicos do mudo (fez-me lembrar os polícias da Keystone), mas não tem grande graça e a perseguição inicial é embaraçosa de tão má que é. É a Ben Kingsley, como Mélies, que cabe a grande interpretação do filme e ele é fantástico como o velho mágico com um sonho.

“If you've ever wondered where your dreams come from, you look around... this is where they're made.” Esta é uma brilhante descrição do mundo do cinema, dita por Mélies a uma criança e há alturas neste filme que Scorsese atinge o nível do sonho. Classificação: 6 (de 1 a 10)


1 comentário:

  1. Mais um caso em que não concordo consigo. Já fui ao cinema ver "The Artist" e "Hugo" e posso dizer-lhe que adorei os dois. São duas lindas e poderosas homenagens ao cinema (arte que eu amo). Mas a homenagem a essa arte é superior em "Hugo", devido ao facto de nele se falar em Georges Mieles e nos Lumiere. Falam também naquele filme "A Viagem À Lua" e falam no começo de tudo. O filme é muito completo, não entendo quando diz que parecem dois filmes dentro de um. As personagens secundárias estão muito bem enquadradas no todo, o ator principal (o menino) teve uma brilhante interpretação, se houvessem oscars para interpretações infantis, ele ganharia. "Hugo", "Chronicle" e "Poliss" foram os melhores filmes que vi no cinema este ano (já fui ao cinema 22 vezes este ano). Lamento discordar de si em relação aos filmes que ambos vemos, mas tenho a sensação que nós os dois vemos a sétima arte e os filmes de forma bastante diferente e é lamentável que assim seja, podiamos ser bons amigos.

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