Eva, um espírito livre, abdica de tudo para se dedicar à
família e criar o seu pequeno Kevin. O problema é que Kevin é uma criança
estranha, difícil, quase diabólica, que dá com ela em doida. Aos 15 anos, ele comete um crime
horrendo, mergulhando a vida de Eva num verdadeiro inferno.
Há filmes assim, que mesmo quando acabam não conseguimos
deixar de pensar neles. Focando um tema controverso, o assassínio de um grupo
de estudantes por um colega, a realizadora Lynne Ramsay foge do acto em si e debruça-se
sobre a relação do jovem com a sua família, principalmente com a sua mãe.
Assim, aqui não temos sensacionalismos, mas sim um retrato realista e profundo
de uma mulher dividida entre o dever de mãe e os seus verdadeiros sentimentos.
No papel de Eva, a mãe, Tilda Swinton é simplesmente
espantosa e acredito que, sem ela, este filme não era possível. É um crime que,
mais uma vez, Hollywood se tenha esquecido dela nos Óscares. Esta
extraordinária actriz, com esta sua interpretação, merece todos os prémios de
interpretação que por aí andam. Meryl Streep estava óptima como Margaret
Thatcher, mas Swinton é melhor neste filme.
Três jovens actores dão vida a Kevin e todos eles
conseguem captar na perfeição a personalidade deturpada e maquiavélica do personagem.
São eles Rock Duer (3/4 anos), Jasper Newell (6/8 anos) e Ezra Miller (12-18
anos); o primeiro é assustador na cena do jogo da bola, o segundo completamente
manipulador na cena do braço partido e o terceiro respira maldade por todos os
seus poros. Quanto a John C. Reilly, é convincente como o pai que é incapaz de
perceber o que se passa.
Um dos filmes fortes do ano, que faz pensar e que retrata
uma das tristes realidades da sociedade. O facto de o filme não tomar partidos,
nem perder tempo em explicações, dá-lhe ainda mais poder. A não perder! Classificação: 8 (de 1 a 10)
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