O seu nome era Flor, Florbela. O marido dava-lhe porrada e ela foge para os braços de um jeitoso médico amigo, com quem acaba por casar após o divórcio. Juntos vão viver para Matosinhos. Um dia, Florbela recebe uma carta do irmão a pedir-lhe para se encontrar com ele na sua casa em Lisboa; rapidamente ela larga tudo e todos e corre para junto do seu adorado irmão. Com medo de a perder, o marido segue-a até Lisboa.
Imagino que deve ser difícil para um realizador cortar certas cenas para bem do resultado final do filme. É como quando nós vamos numa viagem em que tiramos centenas de fotos e depois, para tornar o álbum mais atractivo e menos chato, temos que abolir algumas. Algumas pessoas conseguem distanciar-se do lado pessoal e mandar fora quase metade das fotos, outras deixam ficar quase todas. Infelizmente, Vicente Alves do Ó faz parte do último grupo (bem como Steven Spielberg com o seu WAR HORSE) e o filme sofre por isso.
Uma montagem mais eficaz, poderia ter tornado este filme mais interessante e menos aborrecido. A acção arrasta-se, principalmente na primeira hora, onde parece que a história não vai a lado nenhum. Há pelo menos três sequências que nada adiantam: a ida ao baile de rua (nunca vi um Charleston dançado com tão pouca graça), o leilão/festa em casa da Sophia de Arriaga (quem é esta e o que faz aqui?) e o motim junto ao eléctrico. As cenas oníricas são bonitas, mas cortam o drama e eram dispensáveis.
O filme precisava de ser mais conciso e centrar-se mais nas emoções ou falta destas de Florbela e na sua relação com os homens da sua vida. Supostamente, ela foi uma mulher que não teve medo de confrontar as mentalidades da época e de se dedicar de alma e coração às suas paixões. Mas pouco ou nada disto é-nos mostrado. Acredito que quem conhecer a história de Florbela Espanca irá perceber muitas das coisas que se passam neste filme. Para quem, como eu, desconheça os factos, as mesmas coisas irão provavelmente passar-nos ao lado.
A seu favor, o filme tem uma produção cuidada, bons meios técnicos e uma excelente actriz no papel principal. Dalila Carmo dá corpo e alma a Florbela e fá-lo com talento e paixão. Infelizmente, no papel do seu irmão, Ivo Canelas é um canastrão incapaz de transmitir as emoções do seu personagem. Já Albano Jerónimo é convincente como o marido compreensivo de Florbela.
As melhoras cenas do filme são as passadas em Vila Viçosa, mas sabem a pouco. Tenho que confessar que não senti a loucura dos anos 20, nem as paixões arrebatadoras de Florbela. Acho que os ingredientes para um bom filme estão cá todos e até parece uma produção “made in Hollywood”, mas falta-lhe alma e emoção. Classificação: 3 (de 1 a 10)
"Florbela": 2*
ResponderEliminar"Florbela" tinha tudo para ser um filme esplêndido, mas foi apenas razoável.
Cumprimentos, Frederico Daniel.
http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2016/02/florbela.html