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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

JORGE FOI AOS FILMES: JANEIRO 2023




No primeiro mês deste ano, vi estes novos oito filmes e aqui fica os meus apontamentos/opinião sobre os mesmos.

AMADEO de Vicente Alves do Ó

Amadeo de Souza Cardoso é um famoso pintor português e neste filme assistimos a cerca de meia dúzia de momentos da sua vida: uma refeição em família, a primeira exposição no Porto, uma festa em Paris e as consequências da gripe espanhola na sua vida.

Quando um filme é realizado e interpretado por pessoas que conhecemos e por quem nutrimos amizade, é sempre um dilema opinar sobre o mesmo, principalmente quando não se gostou. Alves do Ó é um realizador apaixonado por cinema e isso vê-se em todos os seus filmes, mas isso não chega para mim. Visualmente com coisas muitos boas, o ritmo lento (algo que raramente aprecio) com planos fixos, bonitos mas monótonos e repetitivos, desligou-me emocionalmente do filme. Fiquei decepcionado pelo facto de pouco ou nada ficarmos a saber da paixão pela pintura que acredito Amadeo tinha ou mesmo da sua obra. É uma colagem de cenas sem grande emoção e que pouco nos dizem sobre Amadeo. Para mim o melhor filme de Alves do Ó continua a ser o AL BERTO

Classificação: 3 (de 1 a 10)

BABYLON de Damien Chazelle

Hollywood, os loucos anos 20! Festas onde vale tudo e uma galeria de personagens apaixonadas pelo cinema que caminham para a sua própria perdição quando, de repente, o cinema começa a falar...

Imaginem o lado negro do SERENATA À CHUVA, que este filme muito bem homenageia, e ficam com uma boa ideia do que vos espera neste BABYLON. Droga, álcool, sexo, nudez e violência fazem tanta parte da fábrica de sonhos como todo o talento e a magia que fazem da arte do Cinema algo de inesquecível e universal! Por detrás de cada “happy ending” pode existir um pesadelo e uma ou mais vidas destruídas, mas no final tudo fica para sempre gravado num ecrã gigante que se ilumina para nos ajudar a escapar das nossas vidas reais. E viva o Cinema!

Classificação: 7 (de 1 a 10)

CÃO PERDIDO (Dog Gone) de Stephen Herek

Um adolescente que não sabe o que fazer com a sua vida, arranja um cão. Mas este sofre de uma doença e tem que ser medicado periodicamente. Quando o cão se perde na floresta, ele e os seus pais fazem tudo para encontrar o cão.

Baseado numa história verídica, é uma lamechice demasiado doce, daquelas feitas para se ver numa entediante tarde de Domingo, em que não haja mais nada para fazer ou ver. Muito sinceramente, mesmo para quem gosta de animais (eu), o filme é completamente desinteressante, mas tem umas paisagens bonitas e o cão é um doce. Impróprio para diabéticos.

Classificação: 2 (de 1 a 10)

UM HOMEM CHAMADO OTTO (A Man Called Otto) de Marc Forster

Otto é um velho viúvo e rabugento, farto de viver e que faz da vida dos vizinhos um inferno. Um dia Marisol, uma emigrante mexicana, muda-se para a vizinhança com a sua família e fica debaixo do olhar desconfiado de Otto.

A versão original de origem sueca estreou por cá em 2017 e era muito boa. Confesso que temi o pior desta versão americana, mas na verdade está ao mesmo nível, se não for mesmo um pouco melhor. Cómica, comovente e muito humana, tem em Tom Hanks o actor perfeito para o papel e em Mariana Treviño a atriz certa para lhe dar troco. A sua relação é uma festa e é um daqueles “feel-good movies” que fala de coisas sérias a brincar e nos deixa com um sorriso nos lábios.

Classificação: 7 (de 1 a 10)

M3GAN de Gerard Johnstone

A pequena e irritante Cady fica órfã e vai viver com a sua tia, que é praticamente casada com o seu trabalho. Acontece que ela é uma engenheira robótica que cria bonecos e decidi criar um especial para fazer companhia à sobrinha. Assim nasce M3gan, que se vai revelar uma cabra psicótica.

Quem me conhece sabe que sou um pouco fóbico com bonecos (deve haver um termo técnico para esta fobia, mas desconheço) e alguns causam-me arrepios (o palhaço do POLTERGEIST, o Chucky original e a Annabelle), mas esta M3gan causou-me risos, muitos. Se a ideia era criar uma nova e assustadora boneca para ser explorada até à exaustão em várias sequelas, não o conseguiram. Visto na perspectiva de comédia, não é mau e tem alguns crimes interessantes, mas zero de suspense e emoção. Mas vem aí uma sequela.

Classificação: 3 (de 1 a 10)

OS OLHOS DE ALLAN POE (The Pale Blue Eye) de Scott Cooper

Um jovem cadete aparece morto nas imediações do seu quartel e um detective é contratado para investigar o crime. A fim de ter um melhor conhecimento do que se passa no quartel, o detective trava amizade com o jovem cadete Edgar Allan Poe, que o irá ajudar no desvendar do mistério.

Por qualquer razão vi o nome de Poe e convenci-me que se tratava de um filme de terror de época, algo que eu adoro (saudades da Hammer), mas afinal é um policial cuja acção corre lentamente (confesso que dei umas cabeçadas), mas que tem um argumento interessante, muita atmosfera e um elenco de alto nível, com destaque para Christian Bale e Gillian Anderson.

Classificação: 5 (de 1 a 10)

PORQUINHA (Cerdita) de Carlota Pereda

Uma jovem obesa é vítima de bullying por parte das suas colegas de escola, mas quando estas são raptadas por um psicopata, decide nada dizer, criando assim uma estranha relação de cumplicidade com o raptor.

A cena mais incomodativa deste drama de terror, não são os crimes, mas sim a sequência em que a jovem é obrigada a correr pela estrada em bikini, conseguindo transmitir-nos o seu desespero e a sua vergonha. A realizadora consegue colocar-nos numa posição moralmente confusa, tal como a sua personagem, e essa é a mais-valia deste filme. Não é sobre suspense, nem crimes, mas sobre dilemas morais e a sua qualidade tem sido reconhecido em vários festivais e prémios cinematográficos, entre várias nomeações para os Goya (os Óscares espanhóis). Se gostam de filmes fortes e incomodativos, com excelentes desempenhos, não percam!

Classificação: 7 (de 1 a 10)

VENECIAFRENIA de Aléx de La Iglesia

Um grupo de cinco turistas espanhóis vão até Veneza, mas os venezianos estão fartos de turistas e vêem-nos como um cancro. Pouco depois de chegarem, estes turistas são obrigados a lutar pelas suas vidas, numa Veneza em estado de festa.

Um novo filme de Álex de La Iglesia é sempre motivo de alegria para os fãs do terror. Ele não é o melhor realizador do género, mas os seus filmes são sempre visualmente fortes, com personagens interessantes, violência louca e algum suspense. Este não foge à regra e vi-o com agrado, se bem que esperava mais de La Iglesia, mas aconselho aos fãs do género e, na realidade, Veneza é uma cidade onde é fácil desaparecermos. O melhor do filme é o genérico de abertura, a fazer lembrar as BD de terror dos anos 70 que eu lia quando era adolescente.

Classificação: 5 (de 1 a 10)


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