O filme conta-nos a história de Nelson Mandela,
desde a sua infância numa aldeia da África de Sul até se tornar o primeiro
presidente eleito democraticamente no seu país. Pelo meio temos as suas
mulheres, a sua carreira de advogado que acaba por levá-lo à politica, a longa
pena de prisão, bem como o apoio da sua segunda esposa, Winnie.
Eu sei que não devia dizer isto, mas por esta
altura já estamos provavelmente fartos de ouvir sobre Nelson Mandela. Claro que
nada disso lhe tira a sua importância e tudo aquilo que ele conseguiu nos seus
anos de vida. Homens como Mandela não são muitos, capazes de lutar por uma
causa justa mesmo que isso implique a sua morte. O que está aqui em causa não é
o homem, mas sim esta biografia à la Hollywood baseada na autobiografia de
Mandela.
Julgo que os factos mais importantes da vida de
Mandela estão aqui retratados, bem como a importância dos seus actos, mas
falta-lhe garra. O realizador Justin Chadwick dá-nos uma espécie de telefilme
limpinho, sem polémicas e sem grande impacto. A causa porque Mandela lutou toda
a sua vida merecia um filme mais forte. Chadwick cinge-se aos factos, não
conseguindo dar-lhes grande dramatismo. Depois a omnipresente música tenta
manipular-nos enquanto a acção se arrasta por mais de duas horas.
A culpa pode não ser só do realizador, pois o actor
Idris Elba dá-nos uma interpretação inexpressiva (por exemplo a cena em que
visita o local onde jazem as vítimas de um massacre), desprovida de qualquer
envolvimento emocional com o material. Fisicamente ele captou o personagem, mas
não o seu espírito. Há uns anos atrás, Morgan Freeman deu vida a Mandela em
INVICTUS e nem por um segundo duvidei da sua interpretação; é esta a diferença
entre um grande actor e um simples actor.
Talvez devido à excelente interpretação de Naomie
Harris, é Winnie Mandela que se revela o centro emocional do filme. Harris
dá-lhe carisma e uma força que falta a Elba como Mandela. Dei por mim muito
mais interessado em saber mais sobre esta mulher do que com a vida de Mandela. A
ela se devem os melhores momentos do filme.
A maior publicidade a este filme é o recente falecimento
de Mandela, que levou a que a estreia tivesse sido mais cedo do que previsto,
mas o filme não faz jus a esse grande homem. Classificação: 4 (de 1 a 10)
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