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segunda-feira, 20 de abril de 2015

PHOENIX de Christian Petzold

Berlim anos 40. Nelly é uma sobrevivente de um campo de concentração, onde ficou desfigurada. Com a ajuda de uma amiga faz uma plástica que a deixa quase irreconhecível e decide procurar o marido numa Berlim destruída pela guerra. Entretanto, enfrenta a possibilidade de ter sido este que a denunciou aos Nazis.

Não sou grande apreciador de filmes com ritmo lento e este começa muito devagar, tendo-me dado alguma sonolência ao início. Mas de repente a história torna-se interessante e o sono que senti foi-se completamente e dei por mim preso a um crescendo emocional que termina num dos melhores finais cinematográficos de sempre. Adorava poder falar aqui desse final, mas não o posso fazer; digo apenas que acontece ao som da fabulosa canção “Speak Low”, escrita em 1943 por Kurt Weill e Ogden Nash para o musical ONE TOUCH OF VENUS. É um daqueles momentos em que tudo se coaduna para nos dar um verdadeiro momento de antologia!

Mas o filme não é só esse inesquecível final. Com a ajuda de um brilhante trabalho de fotografia de Hans Fromm, o realizador Christian Petzold leva-nos a uma Berlim atmosférica, com ruínas cinéfilas e bares decadentes. Num destes bares, o Phoenix, assistimos a dois deliciosos números musicais que trazem à memória o CABARET de Bob Fosse. Petzold consegue prender-nos sem qualquer tipo de artifícios, contando-nos com simplicidade e sensibilidade a história de uma mulher fragilizada, assustada e do seu renascimento das cinzas. Ele é também exímio na direcção dos actores.

Como Nelly, Nina Hoss é fabulosa! Se é verdade que nos faz lembrar divas como Marlene Dietrich, não lhes fica a dever nada. Marlene é uma lenda, mas acreditem que Hoss é muito melhor actriz e enche o ecrã com o seu enorme talento e fotogenia. Uma verdadeira estrela! A seu lado, um borracho de nome Ronald Zehrfeld é um marido atraente, respeitador da memória da sua falecida esposa e com qualquer coisa de perigoso no olhar. A relação entre ambos está habilmente construída e interpretada. Num papel secundário, Nina Kunzendorf tem uma presença marcante como a amiga que ajuda Nelly.

O filme é baseado num livro e adorava saber se a inclusão da canção “Speak Low” faz parte do mesmo ou se a ideia partiu do realizador. Seja como for, canção e filme complementam-se de forma brilhante, como se a primeira tivesse sido escrita exclusivamente para ilustrar esta história. A melodia, uma das mais bonitas de sempre, assombra-nos para lá do filme e no final saí do cinema com um nó na garganta, algo que há muito não me acontecia. Um novo clássico a não perder por nenhuma razão do mundo! Classificação: 9 (de 1 a 10)


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