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domingo, 17 de março de 2024

AS MATINÉS DO MEDO - PARTE 3: LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) de Roy Ward Baker

LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies) de Roy Ward Baker  – EUA/1973

Elenco: Robert Powell, Patrick Magee, Barbara Parkins, Richard Todd, Sylvia Syms, Peter Cushing, Barry Morse, Ann Firbank, John Franklyn-Robbins, Britt Ekland, Charlotte Rampling, James Villiers, Megs Jenkins, Herbert Lom, Geoffrey Bayldon • Argumento: Robert Bloch • Produção: Amicus / Max Rosenberg & Milton Subotsky • Realizador: Roy Ward Baker

Com muita pena minha não tenho o cartaz da estreia deste filme em Portugal, pode ser que um dia eu o consiga encontrar... Este, LUA VERMELHA, foi o terceiro título do ciclo dedicado ao terror que passou no Palácio Foz em Setembro de 1977, os outros foram: QUE DEMÓNIOS SE OCULTAM NA ESCURIDÃO (Who Slew Auntie Roo)COBRAS VENENOSAS (Sssssss), O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr Phibes) e A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legendo of Hell House).

 Ao contrário do que eu pensava, apesar do título, nada tinha a ver com lobisomens e era aquilo a que se chama um filme de “antologia”, ou seja, contava quatro histórias “embrulhadas” por um conceito geral. Neste caso, se bem me lembro (e o IMDB dá sempre uma ajudinha) um jovem psiquiatra (Robert Powell) a fim de conseguir trabalho num manicómio tem que entrevistar quatro dos pacientes que lá residem e cada um conta-lhe a razão de ali estar:

“Frozen Fear” (Medo Congelado) – um marido (Richard Todd) combina com a sua amante (Barbara Parkins) matar a sua esposa (Sylvia Syms). Para se ver livre do corpo corta-o aos pedaços, que embrulha em papel e depois mete-os numa arca congeladora, só que a esposa não tem muita vontade de estar morta;  

“The Weird Taylor” (O Alfaiate Estranho) – um alfaiate (Barry Morse) falido aceita a encomenda do Sr. Smith (Peter Cushing) para fazer um casaco com um estranho material, mas quando, após o trabalho feito, este lhe diz que não tem dinheiro para lhe pagar e o alfaiate percebe que o fato é para vestir o corpo do falecido filho de Mr. Smith, os dois lutam e o alfaiate acabar por levar o fato de volta para casa onde a sua esposa (Ann Firbank) coloca-o num manequim que ganha vida com terríveis sequências;

“Lucy Comes to Stay” (Lucy Veio para Ficar) – o irmão (James Villiers) de uma paciente (Charlotte Rampling) leva-a de volta para casa, mas quando esta fica sozinha é visitada por Lucy (Britt Ekland), que a desafia para fugirem as duas e quando o irmão regressa mata-o para que este não se meta no seu caminho, mas será que Lucy existe mesmo?

“Mannikins of Horror” (Manequins do Terror) – o último paciente (Herbert Lom) afirma que é um médico e diz que construiu um boneco orgânico para o qual pode transferir a sua alma.

Quanto ao jovem psiquiatra, tem uma má surpresa à sua espera por parte do Dr. Rutherford (Patrick Magee), o diretor do manicómio.

Na altura que vi este filme, duvido que soubesse a importância que a produtora Amicus tinha no género terror. Uns meses antes, também numa sessão no Palácio Foz, tinha visto outro título da Amicus, A CASA QUE ESCORRIA SANGUE (The House That Dripped Blood), que tal como este, utilizava o formato de antologia para nos contar várias histórias. Este tipo de filmes era a especialidade da Amicus, que era a principal concorrente da famosa Hammer.

Quanto a este LUA VERMELHA, gostei imenso, principalmente do primeiro (que continua bem viva na minha memória, com a cabeça embrulhada em papel a respirar) e do último segmento (lembro-me do boneco a ser esborrachado, ou será que sonhei?). Revi-o anos mais tarde e continuei a gostar e aconselho-o a todos os fãs do género. Mais que não seja, tem um elenco de fazer inveja, com destaque para os veteranos do terror Peter Cushing, Herbert Lom, Patrick Magee, para as beldades Barbara Parkins, Britt Ekland e uma muito jovem Charlotte Rampling; por fim, no papel do jovem psiquiatra, temos Robert Powell que, anos mais tarde, viria a ficar para sempre associado ao papel de Jesus de Nazaré na famosa versão de Franco Zeffirelli. Só mais uma coisa, o argumento é da autoria de Robert Bloch, autor da novela que serviu de base ao PSICO de Alfred Hitchcock.


















terça-feira, 12 de março de 2024

CULPADO - INOCENTE - MONSTRO (Kaibutsu / Monster) de Kore-eda Hirokazu

A História: Uma mãe procura respostas que justifiquem o comportamento estranho do seu filho Minato, que tudo indica ser vítima de actos de violência por parte de um dos seus professores

O Elenco: Sakura Andô é muito boa como a mãe preocupada e Eita Nagyama vai muito bem como o professor suspeito. Mas o filme pertence, por direito, a Soya Kurokawa como Minato e Hinata Hiiragi como seu amigo Yori.

O Pior do Filme: O facto de poder passar despercebido nos nossos cinemas e poder ser ignorado pela comunidade Queer.

O Melhor do Filme: A cena na sala de música entre Minato e a diretora da escola é um momento comovente e cheio de significado, que culmina com a frase “If only some people can have it, that’s not happiness. That’s just nonsense. Happiness is something anyone can have” (Se apenas algumas pessoas a podem ter, então não é felicidade. É apenas um disparate. Felicidade é algo que todos podem ter.)

Veredicto Final: O argumento da autoria de Yûji Sakamoto, justamente premiado com o prémio de Cannes nessa categoria, está muito bem construído, mostrando-nos três perspectivas da mesma história. Primeiro (CULPADO) pelo lado de uma mãe preocupada que condena um professor; segundo (INOCENTE) pelo lado de um professor culpado de algo de que provavelmente não tem culpa; terceiro (MONSTRO) pelo lado de uma criança que sente que não é igual aos outros. Pegando nestas três perspectivas, o realizador Kore-eda Hirokazu dá-nos um drama humano com tons de thriller, que nos cativa, sensibiliza e, por vezes, nos comove.

O facto do filme ter ganho em Cannes a Queer Palm, revela que no seu âmago estamos perante uma história sobre a descoberta de sentimentos supostamente pouco normais, que leva a que os miúdos achem que possam ser uns monstros. Mas é uma bonita história sobre amizade e aprendermos a ser quem somos. Recomendo.

Classificação: 7 (de 1 a 10)




AMIGO IMAGINÁRIO (Imaginary) de Jeff Wadlow

A História: Uma autora de contos infantis regressa à casa da sua infância na companhia do seu companheiro e das duas filhas deste. Aí acaba por descobrir que o amigo imaginário da filha mais nova é o mesmo que ela teve quando era miúda e que este é tudo menos amigável.

O Elenco: No papel principal, DeWanda Rose tem carisma para aguentar o filme, já Taegen Burns e Pyper Braun não me convenceram como as filhas. Mas gostei de ver Betty Buckley como a antiga ama, ela que já foi a professora de Carrie no original de Brian DePalma.

O Pior do Filme: O ursinho nunca é assustador

O Melhor do Filme: A cena de abertura é a única que funciona no campo do terror, mas sabe a pouco.

Veredicto Final: A ideia de existir um mundo onde os sonhos que criamos quando somos crianças se tornam realidade é boa e cheia de possibilidades, mas faltou imaginação aos responsáveis por este AMIGO IMAGINÁRIO. O filme arrasta-se sem interesse por quase duas horas (o filme parece mais longo do que aquilo que é), a acção custa a arrancar e o suspense é nulo. Duvido que este ursinho venha a ter uma sequela, mas tudo depende do dinheiro que fizer na bilheteira. Muito fraquito! Tenho saudades de um filme que me meta medo...

Classificação: 3 (de 1 a 10)




segunda-feira, 4 de março de 2024

DUNA: PARTE DOIS (Dune:Part Two) de Denis Villeneuve

A História: Paul Atreides, com a ajuda de Chani e dos Fremen, procura vingar-se dos que destruíram a sua família, ao mesmo tempo que a sua mãe o proclama como uma espécie de profeta salvador.

O Elenco: Timothée Chalamet lidera com força um elenco notável onde se destacam Rebecca Ferguson como a sua mãe, Javier Bardem como Stilgar e um irreconhecível Austin Butler como Feyd-Rautha.

O Pior do Filme: Demasiada politiquice para o meu gosto.

O Melhor do Filme: Visualmente, o filme é deslumbrante em todos os sentidos.

Veredicto Final: Antes de mais um pequeno aparte, nunca li a obra de Frank Herbert. Quanto ao filme é tecnicamente perfeito e estou certo de que vai conquistar os fãs da obra, bem como os fãs do género. Sim, sou fã de ficção-cientifica, mas para mim falta aventura e fantasia ao filme. Por qualquer razão gostei mais da primeira parte, talvez porque achei essa parte da história mais interessante. Aqui a história de amor entre Paul e Chani não me convenceu, se calhar é essa a ideia do realizador e acho que falta alma e coração ao filme. Sim, é uma verdadeira epopeia, mas preciso de sentir-me envolvido na história e não senti. Acho que podia ser mais pequeno, mas pelo menos nunca é aborrecido.

Classificação: 6 (de 1 a 10)




NO WAY UP – SEM SAÍDA (No Way Up) de Claudio Fäh

A História: Um avião cai no pacífico e um grupo de sobreviventes tenta manter-se vivo, tendo que lutar contra tubarões enquanto o oxigénio vai desaparecendo e a água vai subindo dentro da cabine que se submerge..

O Elenco: Veteranos (Colm Meaney e Phyllis Logan) e novatos (Sophie McIntosh, Will Attenborough, Manuel Pacific, Jeremias Amoore e Grace Nettle) fazem o que podem com os seus personagens, tentando captar a nossa empatia.

O Pior do Filme: A situação pedia mais tensão e suspense.

O Melhor do Filme: A queda do avião, apesar de pouco verosímil, está bem conseguida e não aconselho a sua visão a quem tenha medo de andar de avião.

Veredicto Final: O cinema-catástrofe foi um subgénero prolifero nos anos 70/80 e, entre os seus títulos, o AEROPORTO e suas sequelas marcaram forte presença. Por coincidência, tal como no presente filme, no AEROPORTO 77 o avião também caía no mar, mas não havia tubarões. Sempre gostei deste tipo de filmes, sendo o melhor o A TORRE DO INFERNO, por isso foi com alguma expectativa que assisti a este NO WAY UP e não é nada mau. A história segue-se com interesse, não há pontos mortos e, a partir do momento que deixamos a credibilidade de parte, é cerca de hora e meia bem passada. Quem gosta do género vai achar piada e dá para matar saudades.

Classificação: 5 (de 1 a 10)




MILAGRE (Miracol) de Bogdan Groege Apetri

A História: Uma noviça esgueira-se do seu convento para ir a uma consulta ao hospital, bem como para ir à procura de um homem. No regresso ao convento é violentada e violada e cabe a um inspector da polícia provar quem é o culpado.

O Elenco: Ioana Bugarin é a bonita e expressiva noviça e Emanuel Parvu o irritável e bruto inspector, ambos estão bem nos seus papéis.

O Pior do Filme: Tenho que confessar, sem querer revelar o final, que não percebi muito bem qual o milagre a que o título se refere... julgo que tem a ver com uma imagem que o detective vê no rio depois de um acto de violência...

O Melhor do Filme: A presença luminosa de Ioana Bugarin.

Veredicto Final: Dividido em duas partes distintas, sendo a primeira a “jornada” da noviça e a segunda a investigação policial, falta emoção ao filme. Não entendi muito bem por que razão a polícia tem dúvidas quanto à identidade do criminoso e achei a sequência junto ao lugar do crime, entre o inspector e o criminoso, um pouco forçada e pouco credível. Mas gostei da primeira parte, talvez pela presença cativante da noviça e por se sentir que algo vai acontecer, com um ligeiro indício de uma força sobrenatural (o estranho vento nas árvores onde ela muda de roupa pela primeira vez). Também achei interessante a ligação que depois se faz entre ela e o inspector.

Classificação: 4 (de 1 a 10)




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

AS MATINÉS DO MEDO - PARTE 2: COBRAS VENENOSAS (Sssssss) de Bernard L. Kowalski

COBRAS VENENOSAS (Sssssss) de Bernard L. Kowalski – EUA/1973

Elenco: Strother Martin, Dirk Benedict, Heather Menzies, Richard B. Shull, Tim O’Connor, Jack Ging, Kathleen King, Reb Brown • Argumento: Hal Dresner & Daniel C. Striepeke • Produção: Richadr D. Zanuck & David Brown • Realizador: Bernard L. Kowalski

O cartaz da estreia em Lisboa, em 1974, com uma cobra a sair da boca de uma mulher, fascinou-me e fiquei sempre com vontade de ver o filme. Consegui finalmente vê-lo em 1977, numa matiné no Palácio Foz. Foi o segundo título de uma semana dedicada ao terror, sendo os outros: QUE DEMÓNIOS SE OCULTAM NA ESCURIDÃO (Who Slew Auntie Roo),LUA VERMELHA (Asylum / House of Crazies), O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr Phibes) e A LENDA DA CASA ASSOMBRADA (The Legend of Hell House).

Com muita pena minha, não recordo de haver nenhuma cena igual à ilustrada no cartaz, ou seja, era um cartaz enganador. Mesmo assim gostei do filme e, ao contrário do que pensava, não tinha nada a ver com cobras venenosas a matarem, estrangularem e comerem pessoas (a imaginação de um jovem de 13 é muito fértil), se bem que tinha os seus momentos do género.

Recorrendo ao IMDB para avivar a minha memória, que por acaso neste caso não está nada mal, o filme conta-nos a história de David, um jovem estudante à procura de emprego, contratado pelo Dr. Stoner para o ajudar nas suas experiências com cobras. Entretanto o moço apaixona-se pela filha do Dr., a bonita Kristina. O que ele não sabe é que o simpático Dr. inventou um soro que pode transformar um homem numa King Cobra e que planeia usar David como cobaia, ou será que até já começou a sua experiência?

O papel do Dr. Stoner era interpretado por Strother Martin um veterano de muitos westerns e de séries de televisão. A sua filha era interpretada por Heather Menzies, cujo papel mais conhecido era o de Louisa von Trapp em THE SOUND OF MUSIC e que voltaria ao terror no PIRANHA do Joe Dante. Por fim, no papel de David, tínhamos o bonitão do Dirk Benedict antes de se tornar famoso como o Tenente Starbuck na série BATTLESTAR GALACTICA e o Templeton “Faceman” Peck da série THE A-TEAM. Os três convenciam nos seus papéis e era uma pena ver ao que o acontecia ao pobre David.

Tenho ideia de que os efeitos especiais não eram muito bons, mas em termos de maquilhagem, a avaliar por algumas fotos que aqui partilho, era mais credível do que muito do que se faz hoje com CGI. Um dos responsáveis pela maquilhagem foi John Chambers, quem viria a ganhar um Óscar honorário pelo seu trabalho no PLANET OF THE APES e um prémio Saturn pela versão dos anos 70 do THE ISLAND OF DR, MOREAU (com Burt Lancaster e Michael York). Quanto ao realizador Bernard L. Kowalski, foi um nome importante da televisão, responsável por, entre outras, séries como BARETTA e MISSION: IMPOSSIBLE; quanto a filmes, só me recordo de ver na televisão o seu KRAKATOA: EAST OF JAVA, de que na altura gostei muito.

Nunca mais vi este SSSSSSS e não sei se sobrevive ao teste do tempo, mas pelo menos tinha uma história original e um casal de protagonistas simpáticos. Acho que é um daqueles filmes esquecidos no tempo, mas que até podia servir de tema a uma nova versão.



















quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

OS MEUS CADERNOS CINÉFILOS: Nº6

Hoje é dia de partilhar o 6º volume dos “meus cadernos cinéfilos”, onde entre muitos destaco os cartazesde REENCARNAÇÕES, A AMANTE DO TENENTE FRANCÊS, CÉLEBRES E RICAS, ALIEN O 8º PASSAGEIRO e REDS.

Quanto às frases publicitárias, aqui ficam algumas: “O triângulo diabólico devastador, anárquico, sensual...”, “Uma comédia à portuguesa com todos!”, “Você irá ver este filme uma vez mas segunda não vai com certeza”, “Delirante comédia divertida até às lágrimas” e “Coragem para além do exigível, suspense para além do imaginável!”.