Uma turma
constituída por jovens de várias etnias é considerada a mais problemática da
escola. Uma professora, Anne Gueguen, decide apostar neles, convencendo-os a
entrar numa competição nacional sobre o impacto do holocausto nas crianças e
adolescentes que o viveram.
O título em
português do filme é infeliz, redutor e enganador, fazendo-nos pensar que se
pode tratar de uma comédia sobre adolescentes problemáticos e as suas relações
com os professores. É verdade que o filme também fala disso, mas o seu título
original “Os Herdeiros” tem muito mais a ver com os acontecimentos, baseados
numa história real, que retrata. Seja como for, nenhum dos títulos me preparou
para o grande impacto emocional que o filme teve sobre mim. Saí da sala com
olhos vermelhos de chorar e com um forte nó na garganta.
A realizadora
Marie-Castille Mention-Schaar, também responsável pelo argumento em parceria
com Ahmed Dramé, filma os seus personagens de forma casual, quase como se se
tratasse de um documentário. Cinematograficamente é tudo muito simples, sem
efeitos de qualquer espécie, mas realizado com grande sensibilidade e evitando
cair na lamechice a que o tema se predispõe. O tema, esse é o holocausto e as
suas consequências para milhares de pessoas, bem como a intolerância e o
racismo, questões tão relevantes durante a Segunda Guerra Mundial como no
presente. Tal como os alunos, nós vamos sendo arrebatados pela tragédia dos
campos de concentração e, quando um sobrevivente do holocausto discursa
casualmente em frente dos alunos, as emoções provocadas pela sua história
deixam-nos a todos de rastos.
O elenco é
simplesmente excelente, tanto os jovens, com destaque para Noémie Merlant como
uma jovem rebelde e Ahmed Dramé como o jovem que sonha com o cinema, como os
adultos são fantásticos. Como Gueguen, Ariane Ascaride é tudo aquilo que gostávamos
de ter encontrado num professor e a sua interpretação é extremamente convincente.
Da irritante
cena inicial ao final, é um daqueles filmes que dificilmente se esquecem. Numa altura
em que parece que as novas gerações não acreditam no holocausto e as velhas gerações
preferem não recordar o assunto, este filme é de visão obrigatória, bem como um
dos melhores do ano! Classificação: 9
(de 1 a 10)
Boa tarde, em primeiro lugar parabéns pela análise. Gostei mais da sua análise do que do filme, que para mim foi apenas bom.
ResponderEliminar"Uma Turma Difícil": 3*
Não posso dizer que foi uma desilusão pois o filme é bom, mas as minhas expectativas eram altíssimas e foram defraudadas.
O filme faz pensar e ter sido baseado em factos verídicos foi importante para o efeito, portanto espero que o visualizem.
Cumprimentos,
Frederico Daniel.