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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

CINEMA EM TEMPO DE COVID – ALGUMAS ESTREIAS DE JUNHO A SETEMBRO 2020

Se como eu são loucos por cinema, estes estranhos tempos do COVID afastaram-vos dos nossos templos sagrados, as salas de cinema. Pessoalmente, custou-me muito ver as salas fechadas e ver-me obrigado a ver filmes em casa, não que me importe, mas não é a mesma coisa. Uma ida ao cinema é algo mágico, mesmo quando cretinos falam ao telemóvel e mastigam ruidosamente pipocas, não há nada que se pareça... bem, o teatro também é mágico.

No final de Junho, algumas salas começaram a abrir as suas portas e os filmes voltaram a estrear nos seus locais de exceção, os cinemas! Não podia ter ficado mais feliz e depressa retomei o meu hábito, deparando-me com salas vazias, muitas vezes com a sessão só para mim. Para mim o cinema é também uma experiência colectiva e sempre gostei de ver salas cheias, pelo que é deprimente ver quase todos os lugares vazios. Muito sinceramente, nem sei como as salas se mantêm abertas.

O medo do COVID (acreditem que é mais perigosas andaram nos transportes públicos e nas esplanadas) aliado à preguiça que já se vêm sentido há alguns anos, agravado com a situação económica que se vive, tudo isto afasta o público dos cinemas. Claro que serviços como Netflix e HBO vão tomando o lugar do cinema, para já não falar do mundo de streaming e de downloads ilegais (infelizmente, muitos são os filmes que só conseguimos ter acesso desta forma) que é a internet.

Também é verdade que, para começar, as estreias não eram as mais aliciantes, mas mesmo assim houve e há bons filmes para ver. Assim, muito resumidamente, vou passar em revista alguns dos títulos que vi nestas últimas semanas:


BECKY de Jonathan Milott & Cary Murnion - 3  
Filme de terror em que a insuportável Becky (Lulu Wilson) dá cabo dos assaltantes da sua casa de campo. Uma espécie de HOME ALONE com muito sangue, mas sem humor e sem suspense. Com tanto filme do género que se faz por este mundo fora, podiam ter estreado algo mais interessante.
         
BEM-VINDOS A ÁFRICA (Rendez-Vous Chez les Malawas) de James Uth – 1
Os franceses costumam ser bons no género comédia, mas no dia em que fizeram este filme não estavam nada inspirados. Um quarteto de pessoas famosas caídas em desgraça, participam numa espécie de “reality” show no seio de uma tribo algures em África. Isto podia ter sido hilariante, mas na verdade não me ri uma única vez.
 
BURDEN – A REDENÇÃO (Burden) de Andrew Hackler – 6
Mike é um jovem branco e racista a viver na Carolina do Sul, protegido de um chefe do Ku Klux Klan local; quando se apaixona por uma jovem mãe, que é amiga de negros, a sua vida transforma-se num inferno. Numa altura que tanto se fala de racismo, este drama bem interpretado por um elenco de gente talentosa, vem mesmo a calhar. A história baseia-se na vida real, mas por vezes custa a acreditar que este tipo de comportamento ainda é aceite por muita gente. O filme peca por ser demasiado longo, mas não deixa de nos dar um murro no estômago.



EM FÚRIA (Unhinged) de Derrick Borte – 7
Um descendente directo do DUEL ou do THE HITCHER, é um thriller tenso e com muito suspense, com uma história muito simples. Uma jovem mãe buzina ao condutor errado e este decide fazer-lhe a vida negra, muito negra. Não é cinema para intelectuais, mas sim para quem gosta de estar agarrado à cadeira sem ter que pensar em nada. Um super-gordo Russel Crowe, que era um moço tão jeitoso, “mastiga o cenário” como o mau da fita. Um verdadeiro “guilty pleasure”!
 
A FLOR DA FELICIDADE (Little Joe) de Jessica Hausner – 5
Uma cientista cria uma flor que, a fim de se reproduzir, controla as pessoas com as suas qualidades de as fazer sentirem-se felizes. Uma espécie de versão “soft” do INVASION OF THE BODY SNATCHERS, é um filme frio, de grande beleza plástica, mas onde tudo acontece ao retardador. Interessante, mas frio, esperava mais.
 
FREAKS de Zach Liposvky & Adam B. Stein – 5
Uma miúda com super-poderes vive escondida do mundo pelo seu pai, mas quando ela consegue escapulir-se para a rua, as coisas complicam-se. Um interessante filme de super-heróis mais calmo e pessoal, que termina numa explosão de efeitos especiais que podia ter sido evitado. 



GOLPE DE SOL de Vicente Alves do Ó – 4
Quatro amigos esperam numa casa de campo a visita de um velho amigo, com o qual já todos tiveram casos amorosos. O filme é bonitinho e os corpos são bem filmados, mas na verdade não acontece nada de muito emocionante ou interessante durante todo o filme... esperem, sempre temos a cena do rapaz da pizza. 
 
MINHA QUERIDA NORA (Belle Fille) de Méliane Marcaggi – 7
Deste filme, já fiz uma pequena “critica” aqui no blog, é este o link: http://vamos-ao-nimas.blogspot.com/2020/09/minha-querida-nora-belle-fille-de.html
 
OS NOVOS MUTANTES (The New Mutants) de John Boone – 8
Uma jovem acorda numa mansão onde uma médica a tenta proteger a ela e a mais quatro jovens dos seus próprios poderes, mas a verdade é mais sinistra. Aqui temos uma abordagem mais negra e intima do mundo dos mutantes, por vezes eficazmente muito perto do universo do cinema de terror. Para variar a ameaça não é o fim do mundo ou a luta pelo poder. O elenco vai muito bem e gostei bastante!
 
THE   OPERATIVE - AGENTE INFILTRADA  (The Operative) de Yuvai Adler – 4
Enquanto via este thriller dramático sobre uma agente da Mossad a trabalhar sobre disfarçe, arriscando a sua vida, só me lembrava da série HOMELAND, muito melhor e mais interessante que este filme. No papel principal, Diane Kruger mantém a sua habitual postura fria e, tal como ele, o filme não tem emoção e pouco ou nenhum suspense.
 

ORDEM MORAL de Mário Barroso – 7
Nos inícios do século XX, Maria Adelaide, uma mulher rica e casada, decidi fugir com o seu chofer (um rapaz muito jeitoso de nome João Pedro Mamede, que até mostra a pila) para raiva do seu marido e escândalo da sociedade, como resultado é internada como sendo louca. Um bom drama de época, muito bem realizado por Mário Barroso, e onde a grande Maria de Medeiros, num excelente desempenho, lidera um bom elenco. Aconselho! 
 
RADIOACTIVO (Radioactuve) de Marjane Satrapi – 4
Rosamund Pike é excelente como Maria Curie, neste drama biográfico baseado na vida dessa grande cientista. A realizadora optou por uma abordagem quase documental que não me agradou e achei as mensagens politicas e morais um pouco pretenciosas, não havia necessidade.
 
RAMEN SHOP – NEGÓCIO DE FAMÍLIA (Ramen Teh) de Eric Khoo – 7
Deste filme, já fiz uma pequena “critica” aqui no blog, é este o link: http://vamos-ao-nimas.blogspot.com/2020/06/ramen-shop-negocio-de-familia-ramen-teh.html

O RECEPCIONISTA (The Night Clerk) de Michael Cristofer – 4
Tye Sheridan vai bem como o estranho recepcionista do título, que se vê como suspeito de um crime que não cometeu, mas a que assistiu. Quanto ao filme é um thriller fraquito, previsível e com pouco suspense. A talentosa Helen Hunt é completamente desperdiçada como a mãe do rapaz.
 


O SEGREDO: ATREVE-TE A SONHAR (The Secret: Dare to Dream) de Andy Tennant – 6
Oh! Uma viúva a viver com dificuldades, é ajudada por um charmoso estranho que tem um segredo e claro que o amor anda no ar. Um bonito drama romântico que se segue com um sorriso nos lábios e onde Katie Holmes e Josh Lucas fazem um lindo par. Não aconselhável a cínicos, nem a diabéticos... mas eu gostei!
 
TENET de Christopher Nolan – 4
Talvez a maior estreia após COVID, o último filme de Christopher Nolan é bom para nos pôr a cabeça às voltas com os seus saltos no tempo. Tecnicamente perfeito, mas sem grande emoção, neste drama de ficção-científca o mau da fita descobre/inventa uma máquina que proporciona viagens no tempo e cabe ao protagonista conseguir ir ao tempo certo para pôr fim à ameaça que paira sobre a humanidade. O elenco vai bem, mas o filme é confuso e eu acho que não tenho inteligência para tanto, mas há quem adore.

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