Hannah Arendt é uma refugiada da Alemanha nazi que
vive com o seu marido nos Estados Unidos há cerca de 20 anos. Quando Adolf
Eichmann, um nazi supostamente responsável pela morte de milhares de judeus, é
apanhado pelos israelitas e levado para Jerusalém onde aguarda julgamento,
Hannah propõe à revista The New Yorker uma série de artigos sobre o mesmo.
Durante o julgamento ela percebe que Eichmann era apenas um “zé-ninguém” a
obedecer a ordens superiores e escreve sobre isso, bem como sobre o possível
envolvimento de alguns líderes judeus com os nazis; os seus artigos causam
polémica e acusam-na de defender Eichmann.
Eu inculto me confesso. Até agora nunca tinha
ouvido falar de Hannah Arendt e nunca tinha visto nenhum filme de Margarethe
von Trotta. Como alguns de vocês sabem, a politica nunca foi assunto que me
desperte muito o interesse, mas fiquei intrigado com o assunto deste filme e
ainda bem. Estamos perante um drama bem construído, que nos dá uma visão
diferente dos nazis e dos judeus. Sem dúvida que Hannah Arendt era uma mulher
de garra, sem medo de dizer o que pensava e nada preocupada com as
consequências das suas convicções.
Trotta consegue captar o nosso interesse desde o
início, de certa forma manipulando-nos a tomar o lado de Hannah, mas evitando
cair na propaganda politica e em grandes dramatismos. Tal como Hannah, o seu
filme é directo, racional e emocionalmente controlado. Claro que para que tudo
funcione, ela necessitava de uma actriz capaz de “carregar” com todo o filme
sobre os seus ombros e encontrou em Barbara Sukowa a cúmplice certa. Sukowa
interpreta a sua personagem com contenção, humor e convicção. A seu lado
encontramos uma divertida Janet McTeer como a sua melhor amiga. O restante elenco
não está à altura destas duas actrizes, mas felizmente isso não arruína o
filme.
Podem dizer que já estão fartos de filmes sobre judeus e
nazis, mas a abordagem de Trotta é diferente, polémica, eficaz e extremamente
interessante. Classificação: 7 (de 1 a
10)
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