Lembro-me como se tivesse sido ontem. Numa sessão esgotada do antigo cinema
Apolo 70, onde o calor ajudava à atmosfera pesada e húmida do filme. Sentado de
lado, numa das primeiras filas da sala, senti-me completamente subjugado pelas
imagens que passavam no grande ecrã.
Durante a Guerra do Vietname, o
Captião Willard (Martin Sheen) é incumbido da missão da encontrar e
assassinar o Coronel Kurtz (Marlon Brando) algures no meio da selva do Cambodja, pois este enlouqueceu e faz-se
passar por um deus no meio de uma tribo indígena. Assim, rio acima, no meio do
inferno e da loucura da guerra, somos companheiros de viagem de Willard nesta
pesadelo realizado por Coppola, que é sem dúvida um dos melhores filmes da sua
carreira.
Houve outros filmes sobre esta guerra, alguns igualmente bons, mas nenhum
com o poder devastador das imagens criadas por Coppola. É verdade que o filme
tem um ritmo lento, mas a sua inesquecível galeria de personagens mantêm-nos
atentos e a força das imagens prende-nos do princípio ao fim.
Nunca revi o filme e hoje não sei se voltaria a sentir o mesmo, mas a
memória do sufoco e da sensação de claustrofobia que ele me provocou continua
bem viva.
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