Simon trabalha numa agência de leilões e durante uma
sessão esta é assaltada. Simon tenta salvar o quadro valioso em leilão, mas é
interceptado por um dos ladrões e leva uma pancada na cabeça, perdendo parte da
sua memória. Depressa descobrimos que ele fazia parte do grupo de criminosos, o
problema é que ele conseguiu esconder o quadro antes de ser interceptado e
agora não se lembra onde o escondeu. Desesperado, o grupo obriga-o a ser
consultado por uma médica especializada em hipnose.
O realizador Danny Boyle volta ao género com que se
estreou no cinema, o thriller, dando-nos um filme interessante mas confuso.
Todos os personagens têm uma “agenda” secreta e não se pode dizer que haja
culpados e vítimas entre os mesmos; as suas personalidades não são nem negras
nem brancas, mas sim de vários tons de cinzento. A partir do momento que
entramos nas sessões de hipnose de Simon, deixa de ser possível distinguir o
que é real ou irreal; só no final é que as coisas fazem sentido e isso é o
melhor do filme.
Todos sabemos que Boyle sabe filmar violência e
aqui volta a fazê-lo sem receios de qualquer espécie, por isso esperem cenas
fortes. Visualmente o filme também é um bocado confuso. As casas dos
personagens principais estão cheias de espelhos e paredes de vidro, que ajudam
a criar um ambiente de artificialidade que propositadamente nos baralha.
Numa mudança de registo, James McAvoy é excelente
como o desequilibrado Simon. Como a psicóloga, Rosario Dawson tem aqui o melhor
papel da sua carreira. Quanto a Vincent Cassel, como o chefe do grupo de
criminosos, faz e bem aquilo a que nos tem habituado; na cena em que ele leva
com um extintor na cabeça, acho que Boyle nos está a dar uma piscadela de olho
cinéfila (“Irréversible”).
O filme levanta uma questão inquietante, até que ponto é
que somos todos manipulados e manipuladores? Será que temos consciência disso?
Se calhar a mensagem deste thriller é que a vida é algo de artificial e isto
nem pareço eu a escrever. Classificação:
6 (de 1 a 10)
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