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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

UMA HISTÓRIA DE AMOR (Her) de Spike Jonze

Theo é um escritor solitário a tentar ultrapassar o fim do seu casamento. Um dia compra um novo sistema operativo desenhado para satisfazer as suas necessidades e que evolui por si próprio; o seu é nome Samantha e Theo acaba por criar uma forte relação afectiva com o mesmo.

Este ano, ao contrário do que é habitual, os membros da Academia de Hollywood têm uma difícil tarefa entre as mãos, pois a colheita de 2013 é muito boa, tal como este filme prova. O realizador e argumentista Spike Jonze dá-nos um olhar romântico, humorístico e realista sobre uma sociedade futura, infelizmente não muito diferente da nossa, onde as pessoas preferem alienar-se no mundo virtual e isolam-se cada vez mais nas suas vidas. A nível de argumento é sem dúvida uma das melhores histórias que tenho visto ultimamente no cinema e acredito que ganhe o Óscar para Melhor Argumento Original.

Visualmente o filme é espantoso, com uma cuidada cenografia, uma fotografia brilhante e uma montagem eficaz. Adorei o contraste entre a palete de cores usadas e o lado triste da vida dos personagens. Também gostei muito da mistura de arquitecturas que formam a Los Angeles do filme, numa mistura retro/futurista. Bem, não gostei da moda masculina, com as calças puxadas quase até ao peito.

O “herói” da história é interpretado por um Joaquin Phoenix, que dá aqui o desempenho da sua vida, mas foi injustamente esquecido pelos Óscares. Ele consegue criar uma grande empatia connosco, fazendo-nos sentir os seus receios, alegrias e dramas. Scarlett Johansson dá a Samantha não só uma voz sensual, mas também uma voz carregada de emoções, tornando-a tão real para nós como para Theo. Num papel secundário, Amy Adams prova uma vez mais ser uma das mais versáteis actrizes da sua geração e é uma pena que seja subvalorizada. Por fim, uma última palavra para Chris Pratt como o divertido Paul, o recepcionista da firma onde Theo trabalha.

Este é sem dúvida um dos filmes do ano e um que levanta questões pertinentes sobre o caminho que a nossa sociedade está a levar. Cada vez mais as pessoas confiam as suas vidas a estranhos que estão do outro lado da internet e vão perdendo a capacidade de socializar em carne e osso. É uma verdade que Jonze aborda de forma brilhante e sem moralismos. Uma pergunta, e tu? Achas que eras capaz de te apaixonar por um sistema operativo?


Pode-se dizer que é um filme estranho, pois consegue ao mesmo tempo ser feliz e melancólico; mas é essa qualidade que o torna num objecto único no actual panorama cinematográfico. A não perder!  Classificação: 8 (de 1 a 10)



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