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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

MULHERONAS, MULHERZINHAS E UM PUTO

Na minha última colheita cinéfila, vi três filmes que não podiam ser mais diferentes. Nos dois primeiros, os membros do sexo feminino são rainhas e senhoras e, no outro, também é uma senhora quem mais brilha.

BIRDS OF PREY de Cathy Yan Classificação: 4 (de 1 a 10)

Em SUICIDE SQUAD, que eu não vi, Harley Quinn, mais conhecida por ser a namorada do Joker, deu nas vistas e o resultado é este filme dedicado à sua louca pessoa. A história é simples. O seu namoro com o Joker terminou e isso tornou-a vulnerável aos maus todos; para se tentar safar tem que “arrancar” um diamante muito especial da posse de uma miúda.

Ia à espera que isto fosse mais divertido e louco. As super-heroínas do filme, com uma exceção, não têm poderes especiais, mas são óptimas a dar porrada; a melhor sequência do filme é uma cena de luta num parque de diversões, com muita cor, pontapés e murros. Também gosto do subtítulo do filme: “e a Fantabulástica Emancipação de uma Harley Quinn).

Margot Robbie é uma divertida e tonta Harley Quinn, as outras duronas são Rosei Perez, Mary Elizabeth Winstead eJurnoee Smollett-Bell, e todas se divertem muito com as suas personagens. O mau da fita é Ewan McGregor e é uma pena não ser mais mauzão e louco. 




MULHERZINHAS (Little Women) de Greta Gerwig Classificação: 7 (de 1 a 10) 

Mais uma adaptação cinematográfica do clássico de Louisa May Alcott, onde Jo March, uma inspirada escritora, nos conta a sua história e a das suas irmãs. Cada uma com a sua personalidade muito vincada, elas vivem com os seus dramas e alegrias, nunca perdendo aquilo que as une.

Acho que esta é a quarta versão desta história que eu vejo: Katharine Hepburn em 1933, June Allyson em 1949 (com a Elizabeth Taylor) e Winona Ryder em 1994. Confesso, que de todas, esta nova versão é a minha preferida. Greta Gerwig consegue o equilíbrio certo entre drama e comédia, evitando a lamechice a que a história se presta e tem uma realização fluída, com ritmo, romance e uma inocência que é refrescante.

Claro que para este filme funcionar, é necessário ter-se a atriz certa para o papel de Jo March, pois ela é o centro de tudo. Aqui, as honras cabem a Saiorse Ronan que vai lindamente no papel, dando-nos talvez a melhor interpretação da sua carreira. As outras meninas são Emma Watson, Eliza Scanlen e Florence Pugh, que quase rouba o filme a Ronan como Amy. Em papéis secundários, Laura Dern é perfeita como a mãe das miúdas e Meryl Streep brilha como a irritante tia. Do lado masculino, é o jovem Timothée Chalamet quem mais chama a atenção.

Em termos de produção, é uma cuidada reconstituição de época, feita com bom gosto e elegância. Recomendado para o romântico/a que há em vocês!


JOJO RABBIT de Taika Waititi Classificação: 6 (de 1 a 10) 

Jojo é um puto a viver na Alemanha Nazi e que é fanático por Hitler, sendo este o seu amigo imaginário. Quando descobre que a mãe esconde uma jovem judia em sua casa, começa a ver as coisas de outra forma.

Tal como acontecia num dos seus filmes anteriores, WHAT WE DO IN THE SHADOWS, o realizador/argumentista Taika Waititi revela talento para pegar em temas conhecidos (Nazismo no caso presente, vampirismo no filme que menciono em cima) e criar algo de novo em redor dos mesmos, de forma quase surrealista e com um forte sentido de humor. As ideias são engraçadas, mas acabam por se esgotar conforme (ou sem fome) a acção avança. Mesmo assim, esta sátira ao nazismo, segue-se sempre com interesse e com um sorriso nos lábios.

Roman Griffin Davis é excelente como Jojo e o mesmo posso dizer de Thomasin McKenzie como a jovem judia. Taika Waititi não resistiu a encarnar o próprio Hitler com resultados divertidos, mas é Scarlett Johansson quem mais se destaca como a mãe de Jojo; a melhor tem a ver com os seus sapatos e, para mim, é o momento mais marcante do filme.

Entre gargalhadas, humor negro e o ridículo da guerra, esta comédia não é para todos os gostos, mas vale a pena o risco.




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