Ellen e Richard conhecem-se num comboio e ficam
fascinados um pelo outro. Depressa casam e ela ama-o tanto que não está
disposta a partilhá-lo com ninguém, o que a torna obsessiva ao ponto de ser
capaz de cometer um crime.
Com este filme regressei à Cinemateca, local de que fui
no passado espectador assíduo e onde já tinha visto este clássico do filme
negro. Revê-lo fez-me perceber como sou fascinado pelo artificialismo do cinema
americano. Os cenários pintados, as actrizes maiores que a vida, a fuga da vida
real... Adoro isso tudo! Entre o realismo do chamado “cinema do mundo” e o
artificialismo de Hollywood, a minha escolha vai sempre para o último.
Quanto ao presente filme, vive sobretudo da interpretação
de Gene Tierney, aqui num dos seus melhores papéis e que lhe valeu a sua única
nomeação para o Óscar. A seu lado, Cornel Wilde é um bocado canastrão, mas
Vincent Price tem uma presença forte e Jeanne Crain vai bem como a irmãzinha
boazinha. Mas o filme pertence por direito a Tierney, a eterna LAURA, uma das
mais belas actrizes da história do cinema e que aqui revela o seu lado sombrio.
A história é muito negra e quando saí do cinema disse ao
meu companheiro que já não se escreviam histórias destas e ele disse-me que o
recente GONE GIRL tinha algumas semelhanças e acho que ele tem razão. Ambas
“heroínas” são apaixonadas e obcecadas pelos seus maridos, ao ponto de serem
capazes de matar e mesmo de se suicidar para não o perderem. O grande contraste
é que, enquanto GONE GIRL usa uma paleta de cores muito soft para contar a sua
história, aqui esta é contada num esplendoroso technicolor que valeu ao seu
director de fotografia, Leon Shamroy, um Óscar. Classificação: 8 (de 1 a 10)
PS.: Para verem as imagens com melhor resolução é só clicarem nas mesmas.
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