Jeb Gambardella, um outrora escritor, agora jornalista,
viveu durante anos as extravagantes noites de Roma e, ao fazer 65 anos,
confronta-se com o seu passado e com o que o futuro lhe poderá reservar.
É raro. Mas ele há filmes assim, que são uma verdadeira
festa para todos os sentidos e que nos cativam com as suas imagens de grande
beleza, que nos prendem com os seus inesquecíveis personagens e que nos
envolvem nas histórias que nos contam. Talvez por conseguir tudo isso, este é
já o meu filme preferido do ano (eu sei que ainda faltam mais 10 meses, mas
duvido que apareça outro filme ao nível deste).
O título não podia ser mais apropriado. A elegante
realização de Paolo Sorrentino, aliada à deslumbrante fotografia de Luca
Bigazzi, bem como aos requintados cenários de Stefania Cella e ao fascinante
guarda-roupa de Daniela Ciancio, dá-nos imagens de grande beleza. Capazes de
nos provocar suspiros orgásticos. Tudo é meticulosamente preparado, criando
pequenas obras de arte que se sucedem a um ritmo cadenciado, obrigando-nos a
estar deliciosamente alerta para poder apreciar as jóias visuais que Sorrentino
e a sua equipa criaram para nós.
Como Jeb Gambardella, o excelente Toni Servillo é ao
mesmo tempo sarcástico e cínico, com um lado emocional que tenta esconder mas
que existe por detrás do seu sorriso gozão (a cena da exposição de fotografias
é um bom exemplo disso). Acima de tudo é um “bon vivant” que não leva nada a
sério, nem a ele próprio. A sua vida é povoada por uma fabulosa galeria de
personagens digna de um filme de Federico Fellini, todas elas interpretadas por
um elenco em puro estado de graça, com diálogos brilhantes que lhes assentam
que nem uma luva.
Gostei de tudo. Do início com a excursão de japoneses. A
visita à loja especializada em roupa para funerais. Adorava ter sido convidado
para a assustadora mas fascinante festa de aniversário de Jeb. O salão onde os
clientes pagam pela sua injecção de botox. A ridícula criança artista. O
passeio em segredo pelas palácios das princesas decadentes. A homenagem à
Santa. Os pseudo artistas, as divas, a Roma nocturna... os mil e um pormenores
que fazem deste filme um objecto apaixonante, realizado com amor e talento por
Sorrentino.
No final senti duas coisas. Uma enorme vontade de visitar
Roma e que sou um privilegiado por poder ver um filme destes numa sala de
cinema. A não perder! Classificação: 9
(de 1 a 10)
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