Mas voltemos ao jovem George Kent. Após o termo das filmagens de ME AND MY DOG, o realizador Brian DePalma soube que Carpenter, andava à procura de um jovem para o seu novo filme e sugeriu que ele contratasse Kent. Claro que Carpenter não fazia a mínima ideia de quem era Kent; então DePalma enviou-lhe umas cenas do seu filme e Carpenter ficou convencido.
Mas havia um problema, as filmagens iam ser nos Estados Unidos e, com 13 anos, Kent ainda era um menor. Apesar dos seus 28 anos, Carpenter, com a ajuda da sua futura esposa Adrienne Barbeau, conseguiram convencer os pais de Kent a autorizar a sua ida para os Estados Unidos, responsabilizando-se pela sua estadia. O que nenhum deles sabia é que a estadia se iria prolongar por mais uns filmes.
Quanto ao filme, A FUGGY PLACE, foi um pequeno sucesso que ajudou a solidificar a carreira de Carpenter e de Kent, tendo ganho o Prémio Especial do Júri no Festival de Avoriaz em 1978. Do elenco, para além dos veteranos Shelley Winters e Burgess Meredith, o nome de cartaz era Linda Blair (a jovem do THE EXORCIST), quanto a Brooke Shields e Christopher Atkins viriam a ter um enorme êxito quando se reencontraram em THE BLUE LAGOON. Os quatro jovens viriam a reunir-se para a sequela: A FUGGY PLACE II – DEVIL’S SHIP.
Por cá o filme chamou-se “Um Lugar Abafado” e teve a sua estreia no cinema Roxy em Abril de 1979.
Ficha Técnica:
Realizador: John Carpenter • Argumento: John Carpenter & Debra Hill • Produção: Debra Hill • Fotografia: Dean Cundey • Música: John Carpenter
Personagens/Elenco:
Lynda – Linda Blair
Julie – Brooke Shields
George – George Kent
John – Christopher Atkins
Burgess Meredith – O Diabo
Shelley Winters – A Bruxa
John Standing – A Morte
David Prowse – O Espantalho
História: No alto mar uma tempestade terrível leva ao naufrágio do navio americano Enterprise e ao afogamento de praticamente todos os seus passageiros. Salvam-se apenas 4 jovens, Lynda, Julie, George e John, que conseguem fugir num pequeno salva-vidas e vão dar a uma ilha aparentemente desabitada, onde um nevoeiro rasteiro parece esconder o chão, mas onde encontram uma pequena cabana.
Esta cabana, que era mais uma pequena casa, tinha tudo o que eles podiam precisar, incluindo um sótão com quatro camas que pareciam esperar por eles. Mas o pó e as teias de aranha, mas estranhamente sem a presença de aranhas, indicavam que há muito que ninguém entrava naquela casa. Cansados os jovens deitam-se e adormecem.
Quando acordam, as raparigas decidem tentar dar um ar mais apresentável ao seu novo lar, enquanto os rapazes vão à procura de algo que possam comer. No seu passeio vão dar a um campo de trigo onde os espera um assustador Espantalho, que parece querer assustá-los; mas George sabe muito bem que os espantalhos são bonecos sem vida e por isso chama a atenção de John, mas este diz não ver nenhum espantalho. Entretanto, na cabana, Julie assusta-se ao ver uma velha com ar de Bruxa sentada num cadeirão, mas Lynda não vê velha nenhuma. De regresso a casa os rapazes contam a história do Espantalho e elas a da Bruxa.
À noite, Julie e George ouvem bater à porta e, a medo, vão ver quem é. Do outro lado da porta espera-os um homem cadavérico que entra na cabana empurrando os jovens. De repente aparece a Bruxa que lhes diz que aquele homem é a Morte. Aterrorizados os jovens fogem para junto de uma das janelas, que se abre sozinha para dar lugar à face do espantalho a observá-los. Os seus gritos acordam Lynda e John e estes descem para ver o que se passa e encontram os outros dois a falarem com alguém que eles não vêem e dizem-lhes que eles devem estar malucos, nesse momento as visitas nocturnas desaparecem sem deixar rasto.
No dia seguinte vão todos à procura de comida, Lynda e John para um lado e Julie e George para outro. Estes vão dar a um pântano onde encontram um velhote de olhos chamejantes a pescar, que se apresenta a eles como sendo o Diabo. Sentada no chão perto de si está a bruxa de mão dada com a Morte e pendurado numa árvore o Espantalho apanha pássaros mortos. Assustados, os jovens fogem em direcção à casa e vão de encontro a John e Lynda que também correm assustados. Estes dizem que foram ajudados a apanhar frutos podres pelo Diabo, a Morte, a Bruxa e o Espantalho.
Só ao chegarem a casa é que reparam que os cestos que levaram consigo estão cheios de fruta podre, pássaros mortos e peixes em decomposição. Atiram os cestos para longe e refugiam-se na casa. Aí começa a faltar-lhes o ar e acabam por sair. Cá fora o ar não circula, não há qualquer tipo de brisa, é como se tivessem fechados dentro de uma cúpula de vidro. Ouvem ruído do lado do pântano e aterrorizados vêem surgir os passageiros que morreram no naufrágio, que se movimentam como zombies, com corpos desfigurados e olhares vazios.
Aterrorizados, os jovens fogem para o campo de trigo, mas o Espantalho está à sua espera e corre para eles de foice na mão. Mudam então na direcção do pântano, onde o Diabo os tenta pescar com a sua diabólica cana de pesca, cujo um dos anzóis se prende à blusa de Lynda, mas George consegue tirá-lo e decidem trancar-se na casa. Lá dentro espera-os a Bruxa que lhes começa a fazer feitiços e eles fogem outra vez da cabana, dando de caras com a Morte, que os quer apanhar com a sua enorme rede.
Desesperados, fogem para a praia onde são perseguidos pelo Diabo e seus amigos. Lynda pede aos seus companheiros que agarrem em todos os bocados de madeira que conseguirem, há muitos espalhados pela areia, e pegando numa corda do barco naufragado, conseguem improvisar um grande crucifixo que erguem com as suas mãos. Nesse instante ouve-se um trovão ao longe e os zombies desaparecem nas areias da praia. Com um grito de raiva, a Morte enrola-se na sua própria rede e desaparece; a Bruxa incendeia-se e passa as suas chamas à vegetação próxima da praia; o Espantalho solta um grito e transforma-se num simples boneco de pano sem vida; o Diabo transforma-se numa nuvem de fumo que se dissolve no ar.
Cansados, mas assustados, os jovens encontram o salva-vidas que os levou até à ilha e fogem no mesmo para o mar. Nesse momento ouve-se vários trovões e uma enorme tempestade assola a ilha que desaparece no meio do mar.
Escrito em 21.10.1980
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