sábado, 27 de julho de 2013

O GRANDE SALÃO de Martim Pedroso


O Facebook já serviu de base a um filme de sucesso, THE SOCIAL NETWORK, e agora serviu de inspiração a esta peça de Martim Pedroso, que tem vindo a animar as noites lisboetas há já alguns meses, em locais diferentes, e que agora está em exibição no Tivoli. Este teatro é talvez demasiado grande para este tipo de espectáculo, com alguns problemas sonoros, mas mesmo assim a peça desliza sem problemas e com o ritmo certo.

Como todos sabemos, o Facebook é habitado por milhões de personagens, uns reais outros imaginários, e neste GRANDE SALÃO vamos encontrar 18 desses personagens. Entre eles fala-se de politica, sexo, filhos. Fazem-se citações, partilham-se músicas, dizem-se banalidades e algumas verdades. Promovem-se carreiras, escondem-se personalidades, revelam-se sonhos e dizem-se piadas. Martim Pedroso, o encenador, conseguiu transpor o ambiente do Facebook para o palco, mostrando-nos o que ele tem de ridículo, bem como o que tem de positivo. Tudo com muito humor e música.

É verdade, não ia à espera de números musicais, mas como amante que sou do Musical gostei de ouvir o “Big Spender”, bem defendido por uma dona de casa que quer ser feliz (Sandra Simões), bem como o “Springtime for Hitler” que aqui foi mudado para “Springtime for Merkel”, cantado com graça e bichice pelo divertido Paulo Duarte Ribeiro.  

O multifacetado (eles interpretam, cantam e até dançam) elenco revela uma energia e um à vontade que tornam este GRANDE SALÃO numa festa, que por vezes se transforma num verdadeiro caos... e como eu adoro ver um palco transformar-se num caos.

Sem querer diminuir ninguém, tenho que destacar a excelente Carla Galvão como uma alcoólica funcionária pública, Statt Miller como uma deliciosa coelha, Nelson Guerreiro como um profundo “citador”, a divertida Catarina Guerreiro como uma viciada em “new age”, Elmano Sancho como um personagem sinistro que parece querer controlar o que se passa, o “engatatão” Manuel Sá Pessoa como um actor em auto-promoção, a boazona Maria Ana Filipe que fala de uma forma “mimosa” e Miguel Damião como o misterioso “amigo” que já não aguenta mais.

Os meus momentos favoritos são o fado da funcionária pública, a conversa privada entre a coelha e o actor e, claro, a masturbação colectiva. O melhor desta cena é quando Pedro Sousa Loureiro aparece, senta-se nos degraus que conduzem ao palco e, com os seus atrevidos olhos verdes (ou serão azuis?), diz, impávido e sereno, as maiores ordinarices. Hilariante!

A parte politica passou-me um bocado ao lado, pois não sou nada dado a essas coisas, mas não voto em branco nem faço parte da abstenção. Gostava que o “farmville” tivesse sido mais explorado, mas no todo diverti-me muito e constatei uma vez mais que temos muitos e bons actores neste país. Por tudo isso e muito mais, este GRANDE SALÃO merece uma visita!


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